A Confederação Caboverdiana dos Sindicatos Livres (CCSL) prometeu apresentar queixa contra o Estado de Cabo Verde junto da Organização Internacional do Trabalho (OIT), devido ao pronunciamento do primeiro-ministro, que comparou a greve dos efectivos da Polícia Nacional (PN) a um “atentado ao Estado Direito Democrático”.
“Esperávamos um pronunciamento de diálogo, de aproximação, de entendimento e de negociações das reivindicações do Sindicato Nacional da Polícia (SINAPOL) e não o lançamento de uma bomba de Al-Qaeda contra a Polícia Nacional”, precisou o presidente da CCSL, José Manuel Vaz.
Ele falava, Quarta-feira, durante uma conferência de imprensa, na cidade da Praia, para se pronunciar sobre a greve da Polícia realizada de 27 a 29 de Dezembro passado, e que teve o apoio da central sindical. O primeiro-ministro Ulisses Correia e Silva, ao referir-se à primeira greve na história dos 147 anos da Polícia Nacional, considerou- a “quase que um verdadeiro atentado ao Estado de Direito Democrático” que, segundo ele, resultou no “desrespeito pela requisição civil e em manifestações e confrontações ilegais”.
No entanto, José Manuel Vaz assegurou que a CCSL e o SINAPOL estão “abertos ao diálogo e às negociações” para que sejam resolvidos os “problemas graves” que afectam a Polícia Nacional. O líder da CCSL lembrou que várias outras greves já realizadas no passado, em Cabo Verde, como a de professores, enfermeiros, funcionários das Alfândegas e da Direcção de Contribuição e Impostos, da Polícia Judiciária, dos agentes prisionais e dos oficiais de Justiça “não tiveram essa caraterização de atentado ao Estado de Direito Democrático”. “Daí que lamentamos profundamente a atitude e o comportamento do primeiro-ministro relativamente à greve da Polícia Nacional”, afirmou o presidente da CCSL, garantindo que a sua confederação sindical “apoia e apoiará a greve dos polícias pelos motivos apresentados e que ainda não foram resolvidos”.
José Manuel Vaz elogiou o comportamento dos agentes policiais e da direção do seu sindicato durante a greve, sublinhando que o mesmo merece “nota 10”. Segundo ele, pelos comentários que se ouviram da parte de juristas, economistas, políticos, governantes e cidadãos comuns, “os efeitos da greve foram positivos”. “As reivindicações apresentadas pelo SINAPOL são justas e constam do memorando de entendimento assinado com o Ministério da Administração Interna”, assinalou José Manuel Vaz, que aproveitou para revelar aos jornalistas parte do conteúdo do documento rubricado entre as partes.