O Presidente da República Democrática do Congo (RDC), Félix Tshisekedi, não vai participar num encontro com o homólogo rwandês, Paul Kagame, no âmbito da cimeira extraordinária da Comunidade da África Oriental (EAC), anunciou, ontem, a agência de notícias congolesa. O encontro estava previsto para ontem, por iniciativa do Quénia, para tentar resolver a crise no leste da RDC.
“O Presidente da República Democrática do Congo, Félix Tshisekedi, não participará na cimeira virtual dos chefes de Estado da Comunidade da África Oriental (EAC)”, oficialmente ‘por razões de agenda’, segundo a agência noticiosa congolesa.
Nos últimos dias, registaramse intensos combates em Goma, a principal cidade do Leste da RDC, em grande parte nas mãos do grupo armado anti-governamental M23 e das tropas rwandesas, que na Terça-feira tomaram o aeroporto, menos de dois dias depois de terem entrado na cidade.
Mais de 100 mortos e cerca de mil feridos foram levados para os hospitais de Goma nos últimos três dias de combates, de acordo com uma contagem da agência de notícias France-Presse (AFP) elaborada na Terça-feira a partir de relatórios hospitalares.
Os combates já deslocaram mais de 500 mil pessoas desde o início de Janeiro, segundo o Governo congolês. Na Terça-feira, em Kinshasa, manifestantes atacaram várias embaixadas, incluindo a do Rwanda, acusado pelas autoridades congolesas de lhes ter “declarado guerra” no Leste do país.
As missões diplomáticas do Quénia, França, Bélgica e Estados Unidos, países criticados pela sua inacção nesta crise, foram também alvo de ataque. O anúncio há dois dias pelo M23 da tomada de Goma, capital da província de Kivu do Norte, Leste da RDC e junto à fronteira com o Rwanda, abre caminho à escalada do conflito, com a EAC a tentar aplicar a receita que Angola, mandatada pela União Africana e pela Conferência Internacional para a Região dos Grandes Lagos (CIRGL) para mediar as tensões político diplomáticas e de segurança na região, não conseguiu pôr em prática.