Macron, acompanhado pela mulher, Brigitte Macron, e por uma delegação de ministros, empresários, intelectuais e personalidades do mundo do espectáculo, foi recebido no aeroporto de Rabat-Salé por um longo aperto de mão do rei Mohammed VI, que vestia um facto escuro e se apoiava numa bengala.
O príncipe herdeiro, Moulay Hassan, e o príncipe Moulay Rachid, irmão do rei, também estiveram presentes, ao som da banda de metais da Guarda Real e de 21 tiros de canhão.
Os dois chefes de Estado deslocaram-se em seguida num carro de cerimónia até ao palácio real, atravessando as ruas de Rabat, a capital marroquina, que estavam enfeitadas com as cores de França e repletas de multidões.
Após uma cerimónia solene de boas-vindas na Place du Mechouar, o palácio real, tiveram um encontro a sós, a que se seguiu a assinatura de acordos sobre energia, água, educação e segurança interna.
A viagem conta com a presença de nove ministros, entre os quais os do Interior, Bruno Retailleau, da Economia, Antoine Armand, da Educação, Anne Genetet, e da Cultura, Rachida Dati.
Com a comitiva de Marcron estão também presidentes e alto funcionários de empresas francesas como a Engie, Alstom, Safran, TotalEnergies, CMA CGM, Suez, Veolia e Thalès Alenia Space.
O mundo cultural franco-marroquino também estará em destaque, com a presença dos escritores Tahar Ben Jelloun e Leïla Slimani, o comediante Djamel Debbouze e o actor Gérard Darmon.
Os dois dirigentes tencionam pôr um ponto final numa série de contenciosos, desde as suspeitas de escutas telefónicas de Macron até à redução para metade do número de vistos concedidos aos marroquinos em 2021-2022 para pressionar Rabat a recuperar os seus cidadãos ilegais expulsos de França.
A prioridade dada pelo Presidente francês à Argélia, após a sua reeleição em 2022, também lançou uma sombra sobre as duas potências magrebinas, divididas por uma profunda rivalidade.
A antiga colónia espanhola do Sahara Ocidental, considerada um “território não autónomo” pela ONU, é desde há meio século um pomo de discórdia entre Marrocos e os independentistas saharauís da Frente Polisário, apoiados por Argel.
Depois de Washington ter reconhecido a soberania marroquina sobre o território, Rabat intensificou a pressão sobre a França para que lhe seguisse o exemplo.
Estas múltiplas convulsões levaram, repetidamente, ao adiamento da visita de Estado de Macron, inicialmente prevista para o início de 2020, após uma primeira deslocação em 2017 e outra em 2018.
Em Julho, o Presidente francês optou, finalmente, por se aproximar de Marrocos, onde a França tem grandes interesses económicos, declarando-se a favor de uma solução para o Sahara Ocidental “no quadro da soberania marroquina”.
Rabat espera que este realinhamento da posição da França se traduza num investimento merecido no país, que tem enormes recursos pesqueiros, solares, eólicos e ainda de fosfatos.
A visita poderá também dar origem a uma série de contratos, apesar de as duas partes se terem mantido discretas nas negociações, como o caso da Airbus Helicopters, que poderá vender 12 a 18 ‘Caracals’ à Força Aérea marroquina.
A França também espera continuar a ser o fornecedor preferencial de Marrocos para a extensão da linha ferroviária de alta velocidade entre Tânger e Agadir, após a inauguração do primeiro troço com grande pompa em 2018.
No que respeita à imigração, o novo Governo francês quer obrigar Marrocos a readmitir os seus cidadãos detidos ilegalmente. Mas, após a crise dos vistos, Paris promete avançar num espírito de diálogo.