Representantes de cerca de 30 países, incluindo o chefe da diplomacia americana Rex Tillerson, reuniram-se ontem Terça-feira em Paris para solicitar sanções contra os responsáveis pelo uso de armas químicas na Síria após um veto da Rússia na ONU
Tillerson e o seu colega francês, Jean-Yves Le Drian, também vão liderar um encontro de ministros para lançar as bases de uma iniciativa do Presidente francês, Emmanuel Macron, que quer criar um grupo de contacto sobre a Síria que reúna os cinco membros do Conselho de Segurança de a ONU e os países da região.
Esta reunião é realizada um dia após novas acusações contra o regime sírio de um novo ataque químico numa cidade de Guta Oriental, enclave rebelde à leste de Damasco, onde foram registados ao menos 21 casos de asfixia.
Em razão deste suposto ataque, os Estados Unidos criticaram severamente a Rússia, acusando Moscovo de ser incapaz de controlar seu aliado Bashar al-Assad.
O regime foi acusado, em várias ocasiões, de ter usado armas químicas. A ONU estabeleceu, após uma investigação sobre Asad que foi responsável por um ataque com gás sarin, em Abril de 2017, contra a aldeia de Khan Sheikun, controlada pela oposição, que causou pelo menos 80 mortos. Desde 2012, foram registrados pelo menos 130 ataques com armas químicas na Síria, segundo estimativas francesas.
Um mês após à sua eleição em Maio de 2017, Macron advertiu que as armas químicas eram uma “linha vermelha” que provocaria uma resposta da França se fossem usadas novamente, embora não especificasse qual seria a resposta.
‘Não deixaremos que escapem’
Na reunião desta Terça-feira, os países se comprometerão a compartilhar informações e a estabelecer uma lista de pessoas envolvidas no uso de armas químicas na Síria e em outros países.
Sanções também podem ser aplicadas, como o congelamento de bens e a proibição de entrada em certo número de países, bem como processos penais a nível nacional. A iniciativa francesa acontece depois da Rússia usar, por duas vezes, o seu veto na ONU para Rex Tillerson, secretário de Estado norte-americano dr bloquear a renovação de uma investigação realizada por especialistas internacionais sobre o uso de armas químicas na Síria.
“Hoje, a situação está bloqueada ao mais alto nível internacional”, disse um membro da equipe de Le Drian. “Os responsáveis de ataques químicos devem saber que vão ser processados e que não os deixaremos escapar”, acrescentou.
A França anunciou, antes da reunião, que congelou os activos de 25 empresas e executivos sírios, franceses, libaneses e chineses, acusados de ajudar o regime sírio a desenvolver armas químicas. Trata-se principalmente de importadores e distribuidores de metais, eletrônicos e sistemas de iluminação domiciliados em Beirute, Damasco ou Paris. No entanto, a lista não inclui autoridades do regime sírio.
“Não temos elementos hoje que nos permitam iniciar esses procedimentos ao nível das autoridades políticas sírias”, admitiu o Ministério das Relações Exteriores francês. A Rússia também busca, juntamente com o Irão e a Turquia, construir uma saída para este conflito que já custou mais de 340 mil vidas desde 2011.
Espera concretizar uma iniciativa de paz durante uma cúpula em Sochi, a ser realizada nos dias 29 e 30 de janeiro. Os Estados Unidos anunciaram, no dia 17 de janeiro, que as suas tropas permanecerão na Síria até a derrota total do grupo jihadista do Estado Islâmico