Os investigadores afirmam que Bonafede recebeu 20 mil euros do chefe da máfia Matteo Messina Denaro para comprar uma casa no Oeste da Sicília, que serviu como um dos esconderijos do fugitivo.
A Polícia italiana na Sicília deteve, ontem, um homem cuja identidade foi utilizada por um chefe da máfia que se tornou o principal fugitivo na Itália durante 30 anos e que foi detido recentemente.
Os carabinieri (polícia militarizada italiana) referiram que Andrea Bonafede foi detido em cumprimento de um mandado emitido por autoridades judiciais de Palermo.
Os investigadores afirmam que Bonafede recebeu 20 mil euros do chefe da máfia Matteo Messina Denaro para comprar uma casa no Oeste da Sicília, que serviu como um dos esconderijos do fugitivo.
Quando Messina Denaro foi capturado, na semana passada, numa clínica de Palermo, onde fazia quimioterapia, estava a utilizar um bilhete de identidade oficial com o nome de Bonafede, mas com a sua própria foto.
Durante esta operação, a Polícia também deteve outro homem que o tinha levado à clínica.
A Polícia realizou buscas em pelo menos três casas na cidade de Campobello di Mazara, no Oeste da Sicília, perto de Trapani, que dizem que Messina Denaro estava a usar como esconderijo nos últimos meses.
Uma destas casas foi comprada por Bonafede, segundo os investigadores.
No mandado de detenção, o juiz Alfredo Montalto destacou que Bonafede é suspeito de ser membro da Cosa Nostra, como é conhecida a máfia siciliana, e de ajudar Messina Denaro a cumprir o seu papel de chefe da máfia.
Ao permitir que Messina Denaro utilizasse a sua identidade, o fugitivo “conseguiu deslocar-se no território [da Itália], iludindo as autoridades, bem como aceder ao Serviço Nacional de Saúde sem revelar a sua verdadeira identidade”, segundo a acusação.
Messina Denaro enfrenta várias sentenças de prisão perpétua por envolvimento em dezenas de assassínios, incluindo os dos procuradores anti-máfia Giovanni falcone e Paolo Borsellino, em 1992 e o de Giuseppe Di Matteo, o filho de 12 anos de um mafioso que se tornou testemunha do Estado e que foi estrangulado e dissolvido em ácido, em 1996.
Um cartaz do ator Marlon Brandon no filme “O Padrinho”, pedras preciosas e documentação foram encontrados pelos investigadores em três casas onde viveu o líder da Cosa Nostra.
O chefe da máfia está agora numa prisão de segurança máxima na cidade italiana de L’Aquila. Entretanto, a atenção dos investigadores está voltada para os arquivos que o chefe da máfia guardou meticulosamente com anotações e algumas contas que, segundo os meios de comunicação italianos, estimam em quase 10 mil euros as despesas mensais de Messina Denaro.
Segundo os meios de comunicação italianos, nessas pastas há nomes, apelidos, números de telefone e números que podem esconder pseudónimos e uma aparente contabilidade.