O comandante da polícia israelita, Kobi Shabtai, reconheceu, no domingo, que os agentes utilizaram “demasiada força” para desalojar os fiéis barricados na mesquita al-Aqsa, em Jerusalém oriental, em pleno mês sagrado do Ramadão
Os polícias empregaram violência na noite de terça para quarta-feira numa operação contra “desordeiros”, mas as imagens mostraram-nos a bater em fiéis pacificamente sentados nas imediações da mesquita, o terceiro lugar mais sagrado da religião muçulmana.
As imagens deram a volta ao globo, desencadeando a condenação de muitos países do mundo árabe e islâmico, e os grupos armados serviram-se deste incidente para incitar à perpetração de ataques contra Israel.
Shabtai defendeu no domingo à noite, numa entrevista à televisão pública israelita Kan, a decisão de entrar na mesquita e sublinhou que havia cerca de 400 desordeiros entrincheirados com armas dentro do templo.
“A maioria das pessoas foi rezar e tem liberdade de culto, mas infelizmente um punhado de jovens conseguiu incendiar a zona, e respondemos em conformidade”, argumentou, precisando ainda que aqueles que se encontravam no interior da mesquita tinham pirotecnia e pedras.
No entanto, reconheceu que os agentes utilizaram “demasiada força”: “Estou satisfeito com as imagens? Não.
Estamos a investigar o incidente. Vamos aprender com ele.
Vamos entender o que aconteceu, porque afinal toda a gente viu um breve momento de um panorama mais abrangente, em que um enorme, enorme número de agentes entrou e atuou com respeito”, sustentou Shabtai.
Outro alto responsável israelita constatou, em declarações ao Canal 12 a coberto do anonimato, o “enorme dano” que causaram a Israel essas imagens de polícias israelitas a bater em fiéis muçulmanos, mas argumentou que “não havia outra opção” além de entrarem na mesquita.
Pediu, contudo, que se reveja o que aconteceu, uma vez que os polícias tinham sido advertidos para agirem com moderação.
O Crescente Vermelho palestiniano indicou ter tratado pelo menos 37 feridos e houve cerca de 350 detenções.
Os confrontos no interior da mesquita ocorreram quando os muçulmanos iam a meio do Ramadão e os judeus celebravam a Páscoa, num clima particularmente tenso entre israelitas e palestinianos desde o início do ano.
Em Jerusalém, a calma regressou à Esplanada das Mesquitas, onde se situa a de al-Aqsa, e em cujas imediações se manteve um forte dispositivo de segurança da polícia israelita, a controlar as entradas.
Terceiro lugar santo do Islão, a Esplanada é igualmente o lugar mais sagrado para os judeus, que lhe chamam Monte do Templo, e situa-se em Jerusalém oriental, setor palestiniano da Cisjordânia ocupado por Israel em 1967 e anexado em 1981.