Os manifestantes terão invadido o posto de fronteira moçambicana, incendiando edifícios, incluindo casas de agentes de segurança e veículos da autoridade aduaneira moçambicana, segundo fontes locais.
Contactada pela Lusa, a Autoridade de Gestão de Fronteiras da África do Sul não confirmou até ao momento o número de agentes da polícia moçambicana assistidos nas últimas horas pela segurança de fronteira sulafricana.
Em declarações ao portal sulafricano News24, o comissário de fronteira Michael Masiapato anunciou o encerramento da fronteira com Moçambique na noite dessa Terça-feira, indicando que “sete agentes da Polícia moçambicana refugiaram-se na segurança da fronteira sul-africana e estavam a ser assistidos por funcionários no terreno”.
De acordo com o funcionário sul-africano “o lado sul-africano [da fronteira] não foi afectado, mas é necessário tomar medidas de segurança”. “A BMA está a coordenar-se estreitamente com as autoridades moçambicanas e as agências de aplicação da lei sul-africanas para monitorar a situação e trabalhar no sentido de reabrir a fronteira assim que for seguro fazê-lo”, salientou.
O exército sul-africano encontra-se destacado na fronteira com Moçambique, confirmou ontem à Lusa o porta-voz da Força de Defesa Nacional da África do Sul (SANDF), Siphiwe Dlamini. “A SANDF está a trabalhar com a BMA ao longo da fronteira para defender a nossa integridade territorial”, salientou.
O porta-voz militar sul-africano escusou-se a precisar a operacionalidade das forças armadas na sequência da escalada de violência pós-eleitoral no país vizinho lusófono.
O anúncio pela Comissão Nacional de Eleições (CNE) de Moçambique a 24 de Outubro, em que atribuiu a vitória a Daniel Chapo, apoiado pela Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo, partido no poder desde 1975) na eleição a Presidente da República, com 70,67% dos votos, despoletou protestos populares, após um apelo do candidato presidencial Venâncio Mondlane.
Segundo a CNE, Mondlane ficou em segundo lugar, com 20,32%, mas este afirmou não reconhecer estes resultados, que ainda têm de ser validados e proclamados pelo Conselho Constitucional.
Após protestos nas ruas que paralisaram o país, Mondlane convocou novamente a população para uma paralisação geral de sete dias, desde 31 de Outubro, com protestos nacionais que têm degenerado em violência e intervenção da Polícia, e uma manifestação concentrada em Maputo convocada para esta Quintafeira.