As autoridades paquistanesas admitiram “falhas de segurança” no mortífero atentado de Segunda-feira, no Paquistão, ocorrido numa mesquita situada dentro das instalações de uma esquadra da Polícia, em Peshawar, cujo balanço de mortos subiu, ontem, de 88 para 95.
O atentado, considerado como um dos mais mortíferos dos últimos anos no Paquistão, foi perpetrado por um “homem bomba” numa altura em que mais de 300 fiéis estavam a rezar naquela mesquita da cidade de Peshawar.
O “homem-bomba” fez explodir o seu colete, atingindo a mesquita, cujo telhado se partiu, e também muitas pessoas que se estavam a aproximar das instalações para rezar, explicaram as autoridades.
O telhado acabou por desabar, ferindo várias dezenas de pessoas, referiu um polícia local, adiantano que as equipas de resgate tiveram de remover vários montes de destroços para conseguir chegar a fiéis presos sob os escombros, admitindo-se a possibilidade de o número de mortes vir ainda a aumentar, uma vez que grande parte dos cerca de 150 feridos se encontra em estado grave.
“A maioria deles eram, agentes da Polícia”, disse Mohammad Asim, porta-voz do hospital do governo em Peshawar.
A Polícia anti-terrorista está a investigar como foi possível o “homem-bomba” ter conseguido chegar à mesquita, que se situa num complexo murado, dentro de uma zona de alta segurança com outros prédios do Governo.
“Sim, foi uma falha na segurança”, disse Ghulam Ali, governador da província de Khyber Pakhtunkhwa, cuja capital é Peshawar.
Citado pela agência noticiosa Associated Press (AP), Talat Masood, general aposentado do exército e analista sénior de segurança, disse que o atentado suicida de Segunda-feira mostrou “negligência”.
“Quando sabemos que Tehreeke-Taliban Paquistão está activo, e quando sabemos que ameaçaram realizar ataques, deveria haver maior segurança no complexo policial em Peshawar”, disse à AP, referindo-se ao grupo Talibã Paquistão, também conhecido como Tehreek-e-Taliban Pakistan ou pela sigla TTP (TTP). Kamkan Bangash, secretário-geral provincial do partido de oposição Paquistão Tehreek-e-Insaf, pediu uma investigação e disse que o país irá continuar a enfrentar uma instabilidade política, enquanto o actual Governo estiver no poder.
“O actual Governo do primeiroministro Shahbaz Sharif falhou em melhorar a economia e a situação da lei e da ordem, e deveria renunciar para abrir caminho a eleições parlamentares antecipadas”, defendeu Bangash.
O ataque foi inicialmente reivindicado por Sarbakaf Mohmand, comandante do grupo de talibãs paquistaneses, através de uma mensagem na rede social Twitter.
No entanto, horas mais tarde, o porta-voz dos talibãs do TTP, Mohammad Khurasani, negou a responsabilidade do grupo, dizendo não ser política do movimento atacar mesquitas, seminários e locais religiosos.
O primeiro ministro Shahbaz Sharif visitou um hospital em Peshawar após o atentado e prometeu “acção severa” contra os responsáveis pelo ataque.
“A escala da tragédia humana é inimaginável. Isso não é menos que um ataque ao Paquistão”, referiu numa mensagem no Twitter.