Em dia de marca redonda à frente da Igreja Católica, o Papa esteve à conversa com a Vatican News e fez um balanço da década
A data é especial: há 10 anos, no dia 13 de Março, Jorge Mario Bergoglio era nomeado Papa.
Argentino, aos 76 anos, sucedia a Bento XVI (que abdicara um mês antes) e tornava-se assim no primeiro Pontífice a usar o nome Francisco e o primeiro nãoeuropeu em mais de 1200 anos. Esta segunda-feira, para assinalar a data, o Vaticano fez um podcast com Francisco.
O nome? Popecast (um trocadilho com a palavra “pope”, Papa em inglês).
Definindo-o não como uma entrevista, mas sim um balanço desta década, o portal de notícias do Vaticano (Vatican News) publicou alguns excertos.
Na conversa com 09.30 minutos de duração, Francisco começa por dizer que a década enquanto líder máximo da Igreja Católica foi de “tensão”, porque “o tempo voa”.
“Quando vemos que temos algo a que nos agarrar hoje, já é demasiado tarde. Viver assim é algo novo”, assume.
Mas Francisco vai mais longe, confessando não ter imaginado ser o “Papa da Terceira Guerra Mundial”. “Não esperava. Pensei que a [guerra na] Síria fosse única, mas entretanto chegaram as outras”, acrescentou o Pontífice. “Ver pessoas jovens a morrer faz-me sofrer.
Sejam russos ou ucranianos, não importa.
É duro”, disse sobre a guerra na Ucrânia. “Por trás da guerra está a indústria das armas.
É diabólico”, comenta a certa altura durante o Popecast.
O que deseja, então, para assinalar o 10.º aniversário enquanto Papa? “Paz.
Precisamos de paz.” Líder ortodoxo elogia diálogo religioso Para assinalar a data, o patriarca Cirilo, líder da Igreja Ortodoxa Russa, felicitou o Papa Francisco pelos 10 anos à frente dos destinos da Igreja Católica, desejando-lhe “boa saúde, paz de espírito e a ajuda inesgotável de Cristo Salvador”.
O Papa fala num pontificado de “tensão”, marcado pela velocidade a que se vive diariamente.
Numa mensagem publicada no portal da Igreja Ortodoxa Russa, e citada pela agência Europa Press, Cirilo elogiou ainda a abertura para o diálogo entre as religiões.
“Nestes tempos difíceis, um diálogo entre os líderes religiosos pode dar bons frutos e contribuir para a unificação dos esforços das pessoas de boa vontade para “curar as feridas” (Jeremias 30:17) da criação de Deus”, disse.
CEP agradece ao Papa atenção aos pobres
Também a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) felicitou Francisco pelo seu pontificado. Numa nota divulgada esta segunda-feira no seu site, a CEP – liderada por D. José Ornelas agradeceu ao Papa pela “redobrada atenção” aos desfavorecidos, “sinalizada com a celebração anual do Dia Mundial dos Pobres [celebrado a 19 de novembro]”.
E, numa altura em que as denúncias de abusos sexuais de menores mancham a imagem da Igreja, a CEP deixa também um agradecimento pelo papel de Francisco na “constante luta contra os abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis na Igreja, convocando toda a Igreja para a tolerância zero”.
A CEP conclui a sua mensagem pedindo que se reze pelo Papa, “para que Deus continue a abençoá-lo com os seus dons e o fortaleça no serviço à comunhão e missão da Igreja”.