O Programa Alimentar Mundial (PAM) das Nações Unidas apelou, ontem (16), aos líderes dos países do G7 para que mantenham o seu compromisso com a segurança alimentar mundial em 2023, especialmente perante as novas crises no Sudão, Haiti e Sahel.
“Cerca de 345 milhões de pessoas enfrentam, actualmente, elevados níveis de insegurança alimentar, um aumento de quase 200 milhões desde o início da década de 2020 e, destes, 43 milhões estão a um passo da fome”, refere o PAM.
A agência alimentar da ONU referiu que foi “recentemente forçado a reduzir as rações alimentares em operações no Afeganistão, Bangladesh e Palestina, uma vez que as necessidades excedem o financiamento disponível”.
Os líderes do G7 têm reunião marcada no próximo fim-de-semana no Japão.
A directora executiva do PAM, Cindy McCain, recordou numa nota que, no ano passado, os líderes do G7 obtiveram resultados que salvaram vidas na luta contra a fome, milhões de pessoas receberam o apoio tão necessário e países como a Somália recuperaram do limiar da fome.
No entanto, “infelizmente, a crise alimentar mundial não desapareceu, e situações como as do Sudão e do Haiti estão a alimentar o fogo”, acrescentou.
Além disso, os combates no Sudão deslocaram centenas de milhares de pessoas e empurraram milhões de pessoas para a fome: o PAM estima que entre 2 e 2,5 milhões de pessoas adicionais ficarão em situação de insegurança alimentar aguda nos próximos meses devido aos combates em curso, elevando a cifra total deste flagelo para um número recorde de 19 milhões.
No Haiti, “a fome está a tornar-se mais enraizada à medida que a insegurança, a violência e o agravamento dos problemas económicos empurram os haitianos em situação de insegurança alimentar para uma crise ainda maior.
Estima-se que um número recorde de 4,9 milhões de pessoas no país esteja a enfrentar uma fome aguda, cerca de 45% da população”.
O mesmo está a acontecer na região africana do Sahel, onde “novos surtos de violência em locais como o Burkina Faso estão a causar fome entre as populações em fuga, bem como entre aqueles cujas vidas e meios de subsistência foram afectados pelo conflito”.
Por essa razão, o PAM lançou este apelo aos países do G7 “para que continuem a financiar a assistência alimentar às centenas de milhões de pessoas afectadas pela crise alimentar mundial”.
Apelou também ao “apoio político a outras acções que ajudariam a aliviar a crise, como trabalhar para a continuação da iniciativa dos cereais do Mar Negro, assegurar o fornecimento adequado de fertilizantes e apoiar programas para aumentar a produção dos pequenos agricultores”.