O secretário-geral da OTAN , Jens Stoltenberg, reiterou esta Sexta-feira, 16, o seu apoio a Londres na sua escalada com Moscovo, mas avisou que é preciso evitar isolar a Rússia e entrar numa nova Guerra Fria.
‘Não queremos uma nova Guerra Fria, não queremos uma corrida armamentista: a Rússia é nosso vizinho, de modo que temos de continuar a trabalhar para melhorar as relações”, disse à rádio BBC, o responsável pela Organização do Tratado do Atlântico Norte. “Isolar a Rússia não é uma opção. A Rússia é nosso vizinho”, insistiu Stoltenberg. Ao mesmo tempo, o representante máximo da aliança militar ocidental disse que “não há razões para duvidar” que Moscovo seja responsável pelo atentado com uma arma química contra o ex-espião russo Serguei Skripal e a sua filha, cometido em 4 de Março na cidade inglesa de Salisbury.
“Não há razões para duvidar das conclusões e avaliações do governo britânico, em particular, porque isso acontece no âmbito de um padrão de actos temerários por parte da Rússia durante muitos anos”, acrescentou Stoltenberg, citando “a anexação da Crimeia, a contínua desestabilização da Ucrânia, os ciberataques e as ingerências nas eleições nacionais”. As declarações de Stoltenberg foram proferidas um dia depois de os líderes da França, Estados Unidos e Alemanha publicarem um comunicado junto ao Reino Unido, culpando a Rússia pelo atentado e exigindo-lhe responsabilidades.
Londres considerou que, se o ataque foi feito com o gás Novichok, fabricado em laboratórios militares russos, há apenas duas opções: foi cometido pelo Estado russo, ou o mesmo perdeu o controlo dessa arma. Em consequência, a primeira-ministra Theresa May decidiu expulsar 23 diplomatas russos e suspender os contactos bilaterais ao mais alto nível. Ainda no lado britânico, o líder da oposição, o trabalhista Jeremy Corbyn, considerou que é preciso esperar pelo término da investigação antes de apontar a Rússia como culpada, sugerindo que o ataque pode ter sido obra da máfia russa. “Não é o momento de julgamentos apressados que poderiam levar a uma nova Guerra Fria”, escreveu Corbyn num artigo publicado no jornal “The Guardian”, esta Sexta- feira.