Israel não atendeu às exigências dos Estados Unidos para permitir um maior acesso humanitário à Faixa de Gaza devastada pela guerra, revela um relatório tornado ontem público, assinado por oito organizações internacionais de ajuda Em Outubro, o governo norteamericano liderado por Joe Biden pediu a Israel que enviasse mais alimentos e outras ajudas de emergência para Gaza, dando-lhe um prazo de 30 dias que terminaria ontem.
O relatório, escrito por oito organizações internacionais de ajuda, elencou 19 medidas de conformidade com as exigências dos EUA e concluiu que Israel não cumpriu 15, cumprindo apenas parcialmente quatro.
Uma carta de 13 de Outubro assinada pelo secretário de Estado Antony Blinken e pelo secretário de Defesa, Lloyd Austin, pediu a Israel que, entre outras coisas, permitisse que um mínimo de 350 camiões de mercadorias entrassem em Gaza a cada dia, abrisse uma quinta passagem para o território sitiado, permitisse que as pessoas em acampamentos costeiros impostos por Israel se mudassem para o interior antes do inverno, e garantisse o acesso de grupos de ajuda ao norte de Gaza, duramente atingido.
O não cumprimento destas medidas poderia levar a que fosse reduzido o apoio militar enquanto Israel trava guerras contra o Hamas em Gaza e o Hezbollah no Líbano. Israel anunciou uma série de medidas para melhorar a situação, mas autoridades dos EUA sinalizaram recentemente que Israel ainda não fez o suficiente.
Na segunda-feira, o novo ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, disse que “o problema seria resolvido”, sem adiantar mais e parecendo minimizar a situação.
O governo Biden pode ter menos influência após a reeleição de Donald Trump, que foi um firme apoiador de Israel no seu primeiro mandato. “Israel não apenas falhou no cumprimento das medidas estabelecidas para um maior apoio humanitário, como tomou ações que pioraram dramaticamente a situação no local, particularmente no norte de Gaza”, lê-se no relatório.
A situação está num estado “ainda mais terrível hoje do que há um mês”, acrescenta. O relatório é coassinado por Anera, Care, MedGlobal, Mercy Corps, Norwegian Refugee Council, Oxfam, Refugees International e Save the Children.