Os bombardeios e a operação terrestre de Israel, na Faixa de Gaza, estão a levar as pessoas a saquearem os centros de ajuda humanitária, segundo uma agência das Nações Unidas
A ordem civil começa a colapsar na Faixa de Gaza em meio ao conflito e à falta de ajuda humanitária, informou nesse Domingo (29) a Agência das Nações Unidas de Assistência aos Refugiados da Palestina no Oriente Próximo (UNRWA, na sigla em inglês) num comunicado.
“Milhares de pessoas invadiram vários armazéns e centros de distribuição da UNRWA nas partes central e Sul da Faixa de Gaza, levando farinha de trigo e outros itens básicos de sobrevivência, como kits de higiene”, de acordo com a UNRWA.
A agência da ONU menciona que os suprimentos dos comboios humanitários do Egipto estão a ser acondicionados num dos seus armazéns na cidade de Deir al-Balah.
“Os suprimentos no mercado estão a acabar, enquanto a ajuda humanitária que chega à Faixa de Gaza por camião do Egipto é insuficiente.
As necessidades da população são enormes, mesmo que seja apenas para a sobrevivência básica, e a ajuda que estamos a receber é escassa e irregular”, comentou Thomas White, director de Assuntos da Faixa de Gaza da UNRWA.
“Esse é um sinal preocupante de que a ordem civil está a começar a cair, após três semanas de guerra e um cerco apertado em Gaza. As pessoas estão assustadas, frustradas e desesperadas.
As tensões e o medo são agravados pelos cortes nas linhas de comunicação telefónica e de Internet. Elas sentem que estão sozinhas, isoladas das suas famílias dentro de Gaza e do resto do mundo.”
Até agora, nesta semana, pouco mais de 80 camiões de ajuda humanitária chegaram a Gaza. No último Sábado (28), não houve comboios devido a interrupções nas comunicações após a expansão das actividades terrestres de Israel na área.
A UNRWA informou que não conseguiu entrar em contacto com as várias partes para coordenar a passagem do comboio.
“O actual sistema de comboios está fadado ao fracasso.
Poucos camiões, processos lentos, inspecções rigorosas, entregas que não atendem às exigências da UNRWA e de outras organizações humanitárias e, o mais importante, a proibição contínua de entregas de combustível, são a causa do fracasso do sistema”, concluiu White.