A ONU voltou, ontem, a alertar que o principal centro hospitalar de Gaza, o Hospital Shifa, está “à beira do colapso”, assim como outras estruturas de saúde, devido à falta de electricidade, medicamentos, equipamentos e pessoal
De acordo com o relatório diário do escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários, o Hospital Shifa trata, actualmente, cerca de 5.000 pacientes quando a sua capacidade é de 700, aos quais se somam 45.000 pessoas deslocadas internamente abrigadas nas instalações.
“Um grande número de pacientes é tratado no terreno, pois não há camas suficientes”, é referido no relatório, no qual é lembrado que os 17 hospitais existentes no Norte da Faixa de Gaza, zona que Israel ordenou evacuar, continuam a funcionar devido ao risco que muitos pacientes correriam se fossem transferidos.
As Nações Unidas recordam ainda que 16 profissionais de saúde morreram nas hostilidades, além de 29 funcionários da Agência das Nações Unidas para os Refugiados Palestinianos (UNRWA), o principal organismo de ajuda humanitária que ainda pode trabalhar em Gaza.
Esta agência alertou, no Domingo, que só lhe resta combustível para os próximos três dias, necessário para abastecer, por exemplo, hospitais ou centrais de dessalinização de água.
A sobrelotação nos hospitais repete-se nas escolas da UNRWA e noutras instalações, actualmente utilizadas para abrigar pessoas deslocadas internamente em Gaza (1,4 milhão no total).
Cerca de 700.000 pessoas vivem com familiares, 71.000 em escolas, 101.000 em hospitais, igrejas e outros edifícios públicos, e 580.000 em escolas e outros abrigos da UNRWA, muitos deles concebidos para acomodar entre 1.500 e 2.000 pessoas cada, mas actualmente fornecem abrigo ao dobro ou triplo.
“Para garantir um ambiente seguro, à noite as mulheres e as crianças permanecem nas salas de aula, enquanto os homens e os rapazes adolescentes dormem ao ar livre, no recreio da escola”, informam as Nações Unidas no seu relatório diário.
A agência de coordenação indica que nas últimas 24 horas, segundo o Ministério da Saúde de Gaza, morreram cerca de 266 palestinianos, elevando o número total de vítimas mortais na Faixa para 4.651 (1.873 crianças e 1.023 mulheres), enquanto os feridos ascendem a 14.245.
A isto somam-se as 91 mortes e 1.734 feridos devido a confrontos entre palestinianos e forças israelitas ou colonos na Cisjordânia, enquanto o número de mortos em Israel situa-se nos 1.400, quase todas vítimas dos ataques do Hamas em 07 de Outubro.
O grupo islamita lançou em 07 de Outubro um ataque surpresa contra o Sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados.
Em resposta, Israel bombardeou a partir do ar várias infra-estruturas do Hamas na Faixa de Gaza e impôs um cerco total ao território com corte de abastecimento de água, combustível e electricidade.