A secção de proteção da criança da Missão das Nações Unidas para a Estabilização na RD Congo (MONUSCO) registou 807 “violações graves” cometidas contra crianças no país, durante o primeiro trimestre do ano 2018, indica um documento da equipa onusina local entregue Quinta-feira à PANA, em Kinshasa.
Segundo o documento, 70 por cento dessas violações dizem respeito ao recrutamento e ao uso de crianças por grupos armados e milícias, sobretudo as milícias Mai- Mai Mazembe, Kamuina Nsapu e Mai-Mai Nyatura.
Do total, dois terços dos incidentes produziram-se nas províncias do Kivu-Norte, Kivu- Sul, do Ituri, dos Kasais, refere a nota. Foram verificados casos de mortes e mutilações no Ituri (39 crianças vítimas) e na região dos Kasais (19), ao passo que 87 escolas e três hospitais foram destruídos no Ituri por indivíduos armados não identificados, privando crianças do acesso à escola e aos cuidados de saúde.
Estima-se em 50 mil o número de crianças privadas de seus direitos à educação nessa região. Durante este trimestre, prossegue a nota, constatou-se igualmente uma escalada da violência entre as populações Hema e Lendu, no território de Djugu, no Ituri, mortes à machadada, deslocamentos maciços da população, aldeias queimadas e mais de 70 escolas incendiadas, constituindo assim um ambiente perigoso para as crianças. Nos Kivus Norte e Sul, os confrontos entre grupos armados e as Forças Armadas da RD Congo (FARDC) não só favoreceram o recrutamento e o uso de crianças, mas também permitiram às crianças já cativas escaparem dos grupos armados aos quais estavam associados.