“As últimas ordens de evacuação afectam quase um milhão de pessoas em Rafah. Para onde devem ir agora? Não há lugar seguro em Gaza!”, declarou Volker Turk, em comunicado citado pela AFP.
O alto-comissário da ONU para os Direitos Humanos realçou que aqueles palestinianos estão “exaustos e famintos”, muitos deles já foram deslocados várias vezes e não têm opções seguras para onde ir, estimando que uma ofensiva em grande escala teria “um impacto catastrófico” com a “possibilidade de novos crimes atrozes”.
“Não vejo como é que as últimas ordens de evacuação, muito menos um ataque total, numa área onde a presença de civis é extremamente densa, possam cumprir os requisitos vinculativos do Direito Internacional Humanitário e os dois conjuntos de medidas provisórias vinculativas ordenadas pelo Tribunal Internacional de Justiça”, acrescentou o responsável da ONU.
Volker Turk destacou o facto de a população “já estar profundamente traumatizada” e de as cidades que deveriam receber pessoas deslocadas de Rafah já estarem “reduzidas a ruínas”. Tal ofensiva “não pode acontecer”, vincou, apelando a todos os países que possam ter influência a fazer tudo para garantir que não aconteça.
O responsável apelou também a Israel e aos grupos armados palestinianos para que concluam um cessar-fogo, bem como a libertação imediata de todos os reféns.
Segundo a ONU, cerca de 1,4 milhão de palestinianos, a maioria deles deslocados pelos bombardeamentos e combates israelitas, estão amontoados em Rafah, dos quais cerca de 300.000 deixaram os distritos orientais da região, após várias ordens de evacuação emitidas por Israel, segundo dados do exército.
A Faixa de Gaza está devastada por mais de sete meses de guerra entre Israel e o Hamas, desencadeada por um ataque sem precedentes do movimento islâmico palestiniano contra Israel, em 07 de Outubro, que causou mais de 1.170 mortos, a maioria civis, segundo um balanço da AFP baseado em dados oficiais israelitas.
Mais de 250 pessoas foram sequestradas e 128 permanecem reféns em Gaza, das quais 36 terão morrido, segundo o exército. O Ministério da Saúde do Hamas relata um número de mortos de 35.034, a maioria civis, no território palestiniano desde o início da guerra.