O director e fundador do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OISDH) indicou, ontem, à agência Lusa ter a confirmação da morte de quase 450 pessoas e de 1.275 feridos no sismo que abalou o Noroeste da Síria
Contactado por telefone pela Lusa desde Lisboa, Fadel Abdul Ghany admitiu, a partir de Washington, onde se encontra para dar visibilidade junto da administração norte-americana ao conflito “que está a ser esquecido na Síria”, que o número de mortos e feridos possa vir a ser muito superior.
“O número de vítimas mortais confirmado no Noroeste da Síria é de 447, havendo pelo menos 1.275 feridos.
Há ainda muitas pessoas sob os escombros, pelo que o número de mortos e de feridos poderá ser bastante superior”, afirmou Fadel, ao comentar os dois principais sismos que assolaram também a parte Sul da Turquia – o primeiro com magnitude de 7,8 na escala aberta de Richter e o segundo de 7,5.
O responsável do OSDH, organização que tem sede em Oslo e equipas de activistas associados aos direitos humanos em praticamente todo o território sírio, adiantou haver a confirmação de que os sismos destruíram totalmente pelo menos 210 edifícios em diferentes localidades do Noroeste da Síria e parcialmente outros mais de 400. “São estas as principais estatísticas.
As operações de socorro e as equipas de salvamento estão a trabalhar arduamente [para ver se encontram sobreviventes]”, acrescentou Fadel, manifestando “receio” sobre o futuro imediato dos sírios que perderam total ou parcialmente as suas residências.
“Não têm local para dormir”, frisou, salientando que o OSDH tem equipas no terreno em várias localidades do Noroeste da Síria, bem como nas cidades turcas de Gaziantep e de Antakya, no Sul da Turquia.
Essas equipas do Observatório Sírio dos Direitos Humanos encontram-se bem, mas estão a trabalhar em condições “bastante duras” face aos muitos escombros de edifícios destruídos e também devido ao frio que se faz sentir na região.
Segundo dados do Ministério da Saúde sírio contabilizados pela agência noticiosa oficial SANA, o terramoto provocou 430 mortos e 1.315 feridos nas áreas controladas pelo Governo sírio, que correspondem às províncias de Aleppo, Latakia, Hama e Tartus.
A esses números somam-se os 380 mortos e mais de mil feridos nas áreas controladas pelos rebeldes nas províncias de Idlib e Aleppo, no Noroeste do país, segundo a Defesa Civil Síria, conhecida como ‘capacetes brancos’, através de sua conta no Twitter, onde lamentou “a catástrofe e devastação” causada pelo sismo.
Na Turquia, e segundo um balanço provisório oficial, mais de 2.300 pessoas morreram após o terramoto e das réplicas que atingiram o Sul da Turquia e o norte da Síria. De acordo com o AFAD, um órgão público turco de gestão de desastres, até ao momento, os sismos provocaram a morte a 1.498 pessoas na Turquia e feriram pelo menos 8.533.
Segundo a fonte, 2.834 prédios desabaram, aumentando receios de um número maior de vítimas, além das centenas de mortes na vizinha Síria.