A Arcturus é uma sub-linhagem da variante XBB que, por sua vez, é uma “descendente” da Ômicron – a variante do SARSCoV-2 que causou um aumento considerável de infecções, hospitalizações e mortes em todo mundo no ano passado
A XBB1.16 carrega várias alterações no seu código genético, o que, aparentemente, aumenta a sua capacidade de se espalhar e de escapar da imunidade adquirida.
Uma dessas mutações em especial ocorre na proteína Spike, justamente a que o vírus usa para invadir as células.
Apesar de até ao momento a Arcturus não ter sido responsável por causar uma versão mais grave da doença nas pessoas infectadas, ela tem uma característica que a difere das anteriores: um dos sintomas apresentados é a conjuntivite (principalmente em crianças), acompanhada de febre alta e tosse.
A constatação foi feita pelo Comité Indiano de Imunizações Pediátricas, que observou um aumento de casos de Covid-19 entre crianças que também apresentavam conjuntivite, mas ainda não há dados concretos que confirmem essa associação.
Ainda de acordo com dados da OMS, actualmente existem apenas cerca de 800 sequenciamentos da XBB 1.16 no mundo basicamente todos feitos na Índia, onde a variante já se tornou predominante e substituiu as outras variantes que estavam em circulação.
“Como ela [Arcturus] tem mais mutações, muito provavelmente vai substituir a outra variante que está em circulação predominante no Brasil, que é a XBB1.5.
O quadro clínico apresentado basicamente é igual às variantes anteriores, com excepção do quadro de conjuntivite em crianças.
Mas vale ressaltar que ela não é uma variante de preocupação (VOC) como foi a Ômicron, ela é uma variante de interesse”, destacou a infectologista Emy Akiyama Gouveia, do Hospital Israelita Albert Einstein.
Vacinação é importante
No dia 24 de Abril o Ministério da Saúde ampliou a vacinação com a dose de reforço bivalente contra a Covid-19 para toda a população acima de 18 anos.
A recomendação tem o objectivo de reforçar a proteção contra a doença e ampliar a cobertura vacinal em todo o país. Cerca de 97 milhões de brasileiros podem ser vacinados nesta etapa.
Segundo o governo, até a Sextafeira (28), já haviam sido aplicadas 10.847.940 doses de reforço com a vacina bivalente.
A orientação de se imunizar com a vacina bivalente vale para quem já recebeu pelo menos duas doses de vacinas monovalentes (Coronavac, Astrazeneca, Pfizer ou Janssen) como esquema primário ou como dose de reforço, respeitando um intervalo de quatro meses da última dose.
Quem ainda não completou o ciclo vacinal e está com alguma dose de reforço em atraso, também pode procurar as unidades de saúde.
“Vamos ainda observar qual será o comportamento da Arcturus, afinal os vírus estão sempre em evolução.
A mensagem principal é para que as pessoas continuem a se vacinar, principalmente agora que houve a ampliação da vacinação bivalente que inclui na sua composição a variante Ômicron, além da cepa original do coronavírus”, disse Emy.
A vacina bivalente é tão importante que no mês de Abril a FDA (agência reguladora de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos) actualizou a recomendação de imunização contra Covid-19 no país e retirou a vacina monovalente (com a cepa original sozinha) da lista.
Por lá, só terá a vacina bivalente. “A ampliação da vacinação bivalente, neste momento, faz todo o sentido porque a gente precisa disponibilizar a vacinação para todos.
Temos um contigente enorme de pessoas que não estão à procura dos postos de saúde para se vacinar.
Quanto mais pessoas imunizadas tivermos, melhor será”, disse Emy, acrescentando que o país ainda precisa entender qual vai ser o cenário futuro da vacinação contra a Covid-19 se vai ser anual, como a da gripe, se vai ser semestral.
“Tudo vai depender de como o vírus vai se comportar”, finalizou.