No final de Abril, o presidente da China, Xi Jinping, conversou por telefone com o seu homólogo ucraniano, Vladimir Zelensky. Após isso, Pequim anunciou que enviará o representante especial do governo chinês para Assuntos da Eurásia, Li Hui, a Kiev e outros países europeus para consultas sobre uma “solução política da crise da Ucrânia”
Li Hui parte para um périplo um de viagens diplomáticas que o levará a cinco países, a saber: Ucrânia, Rússia, Polónia, Alemanha e França.
“A visita de representantes chineses a países relevantes é outra demonstração do compromisso da China em promover a paz e conversações.
Isso demonstra, plenamente, que a China está, firmemente, do lado da paz”, disse o representante oficial do Ministério das Relações Exteriores, Wang Wenbin, num briefing diário nessa Sextafeira [12].
A entidade não forneceu um cronograma detalhado da visita, mas ressaltou que “A actual crise ucraniana tem sido prolongada, está aumentando e o efeito de derramamento continua.
A China está disposta a continuar a desempenhar um papel construtivo na construção de mais consenso internacional sobre um cessar-fogo, no início de negociações de paz e na prevenção da escalada da situação […] para promover uma solução política da crise na Ucrânia”.
De acordo com alguns relatos da mídia, Li fará a sua primeira escala na Ucrânia.
Li será o mais alto funcionário chinês a reunir-se com as autoridades de Kiev desde a escalada da crise na Ucrânia em Fevereiro de 2022.
Ele também será um rosto familiar quando pisar em solo russo, porque já foi embaixador da China na Rússia de 2009 a 2019.
Li, anteriormente, actuou como chefe para os assuntos do Leste Europeu e da Ásia Central no Ministério das Relações Exteriores.
Mensagem e oportunidade
A proposta de 12 pontos de Pequim para um acordo diplomático sobre a crise na Ucrânia está no centro da mensagem de Li durante a sua tournée diplomática.
A China está empenhada em tornar-se um importante actor diplomático e apelou ao reatamento das conversações de paz entre Kiev e Moscovo; à manutenção da segurança das usinas nucleares e à redução dos riscos estratégicos; ao fim das sanções unilaterais e ao abandono da mentalidade da Guerra Fria; e promover a reconstrução pós-conflito na Ucrânia.
Em Março, a República Popular da China orquestrou uma reconciliação histórica entre o Irão e a Arábia Saudita.
Os dois rivais assinaram um acordo para restaurar as relações diplomáticas, confirmando o status da China como um mediador influente.
O Ocidente seria sempre céptico sobre qualquer plano proposto pela China para um acordo sobre a Ucrânia.
Mas o presidente russo, Vladimir Putin, afirmou que o projecto poderia ser uma base para acabar com o conflito na Ucrânia se o Ocidente estivesse pronto para aceitar o plano.
A declaração de que Li estaria percorrendo a Europa para se envolver em “comunicação aprofundada com todas as partes sobre uma solução política da crise da Ucrânia” foi feita depois que o presidente chinês Xi Jinping teve uma conversa telefónica com o seu homólogo ucraniano Vladimir Zelensky, em Abril.
Ao mesmo tempo, Moscovo registou a prontidão de Pequim para estabelecer um processo de negociação, mas enfatizou que Kiev ainda rejeita “quaisquer iniciativas sensatas destinadas a uma solução política e diplomática da crise ucraniana e um posterior acordo para negociações”, ditando ultimatos com “demandas deliberadamente irrealistas”.
“As autoridades ucranianas e os seus curadores ocidentais já demonstraram a sua capacidade de descartar iniciativas pacíficas […] Portanto, é improvável que qualquer apelo à paz seja recebido adequadamente por fantoches controlados por Washington”, complementou a representante oficial do Ministério das Relações Exteriores da Rússia, Maria Zakharova.
A viagem do alto enviado chinês vem em meio a especulações sobre uma iminente “contra-ofensiva da Ucrânia”. O tão anunciado “ataque” seria realizado com os biliões de dólares em armamento que Washington e seus aliados da OTAN forneceram a Kiev.
Agora, o Ocidente é descrito como estando a aguardar que a Ucrânia use a mercadoria, mostrando sucesso no campo de batalha.
Os próprios países que o alto enviado chinês visitará França, Alemanha e Polónia estão entre os principais fornecedores de armas e assistência financeira à Ucrânia e será interessante saber como a tournée “de paz” da China resultará com eles.
Por sua vez, a Rússia afirmou, repetidamente, que valoriza o desejo sincero da China de contribuir para a resolução pacífica do conflito na Ucrânia.
O Kremlin enfatizou várias vezes que está pronto para negociar, enquanto o governo de Kiev descartou qualquer conversa enquanto Putin continuar a ser o presidente da Rússia.