As partes em conflito no Leste da República Democrática do Congo (RDC) acordaram um novo cessar-fogo de 72 horas, com o apoio das autoridades congolesas e rwandesas, anunciaram Segundafeira os Estados Unidos (EUA).
“A partir do meio-dia (horário local), as forças armadas e os grupos armados não estatais cessaram os combates para facilitar a retirada das forças que ocupam a cidade de Mushaki e a estrada RP1030 (Kirolwire-Kitchanga)”, declarou a porta-voz do Conselho de Segurança Nacional, Adrienne Watson.
A porta-voz do Conselho de Segurança Nacional referiu que Washington controlará as actividades das partes enquanto durar o cessar-fogo.
“Os Estados Unidos apoiam a retoma dos processos de Nairobi e Luanda, que procuram resolver os factores actuais e históricos que perpetuam esta crise de longa data”, acrescentou.
O acordo surge na sequência de uma viagem da directora dos Serviços Secretos dos EUA, Avril Haines, à RDC e de contactos diplomáticos com o Presidente congolês, Felix Tshisekedi, e com o Chefe de Estado rwandês, Paul Kagame.
A força internacional da Comunidade da África Oriental (EAC) começou oficialmente a retirar-se, na Sexta-feira, depois de o Governo congolês ter decidido pôr termo ao seu mandato, após um ano de esforços infrutíferos para conter a violência das milícias e ganhar a confiança da população.
O Movimento 23 de Março (M23) afirmou ter capturado Mushaki após a retirada das forças internacionais. A missão, que durou apenas um ano, tinha como objectivo proteger a população civil destas milícias, cujo confronto com as forças congolesas provocou um êxodo regional.
O M23 é um grupo rebelde composto maioritariamente por tutsis congoleses e que opera principalmente na província. Após um conflito entre 2012 e 2013, a RDC e o grupo assinaram um acordo de paz em Dezembro.
Durante os combates, o exército congolês foi apoiado por tropas da ONU.
O grupo terrorista lançou uma nova ofensiva, em Outubro de 2022, que se intensificou em Novembro, provocando uma crise diplomática entre a RDC e o Rwanda sobre o seu papel no conflito.
Kigali acusou Kinshasa de apoiar as Forças Democráticas para a Libertação do Rwanda (FDLR), um grupo armado rebelde fundado e composto maioritariamente por hutus responsáveis pelo genocídio de 1994, no Rwanda.