O protesto formal foi apresentado através dos canais diplomáticos, uma semana antes da chegada do Presidente chinês, Xi Jinping, a Nova Deli, onde deverá participar na cimeira do G20.
Nova Deli formalizou um protesto contra um novo mapa chinês que reivindica território indiano, disse, essa Quarta-feira, fonte do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia, aumentando a tensão diplomática face ao impasse militar entre as duas nações.
O momento do protesto é significativo, uma vez que o Presidente chinês, Xi Jinping, deve participar na cimeira dos países industrializados e em desenvolvimento (G20), agendada para Nova Deli, na próxima semana. “Rejeitamos estas alegações porque não têm qualquer fundamento.
Estas medidas da parte chinesa apenas complicam a resolução da questão da fronteira”, afirmou o porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, Arindam Bagchi, em comunicado.
Bagchi afirmou que o protesto formal foi apresentado na Terça-feira, através dos canais diplomáticos, face ao mapa publicado no site do Ministério dos Recursos Naturais chinês.
No mapa, é possível observar que Arunachal Pradesh e o planalto de Doklam, estão incluídos nas fronteiras chinesas, juntamente com Aksai Chin na secção ocidental, que a China controla, mas que a Índia ainda reivindica.
O ministro dos Negócios Estrangeiros indiano, Jaishankar Subhramanyam, também rejeitou a reivindicação da China numa entrevista televisiva na Terçafeira à noite.
“Fazer reivindicações absurdas sobre o território da Índia não o torna território da China”, afirmou. Recentemente, a China recusouse a colocar vistos nos passaportes dos funcionários do Estado de Arunachal Pradesh, no Nordeste da Índia, utilizando em vez disso um certificado agrafado.
Recusase também a reconhecer a soberania da Índia sobre a parte de Caxemira e recusou-se a enviar uma delegação a uma reunião do G20 em Srinagar, em Maio.
Na semana passada, o primeiroministro indiano, Narendra Modi, falou informalmente com Xi, à margem da cimeira dos BRICS [Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul], em Joanesburgo, onde Modi sublinhou as preocupações de Nova Deli sobre as questões fronteiriças não resolvidas.
O Ministério dos Negócios Estrangeiros da Índia informou que os dois líderes concordaram em intensificar os esforços para diminuir as tensões na fronteira disputada entre os dois países e trazer para casa milhares das tropas destacadas na região.
A disputa de fronteiras levou a um impasse de três anos entre dezenas de milhares de soldados indianos e chineses na região de Ladakh.
Há três anos, um confronto na região matou 20 soldados indianos e quatro chineses.
“As duas partes devem ter em mente os interesses globais das relações bilaterais e tratar adequadamente a questão da fronteira, de modo a salvaguardar conjuntamente a paz e a tranquilidade na região fronteiriça”, declarou o Ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, após a reunião dos dois líderes.
Os comandantes militares indianos e chineses reuniram-se, no início deste mês, num aparente esforço para estabilizar a situação.
Uma fronteira, designada por “Linha de Controlo Real”, separa os territórios detidos pela China e pela Índia, desde Ladakh, a Oeste, até ao Estado indiano de Arunachal Pradesh, a Leste, que Pequim reivindica na totalidade.
A Índia e a China travaram uma guerra sobre a fronteira em 1962.
A China reivindica cerca de 90 mil quilómetros quadrados de território no Nordeste da Índia, incluindo Arunachal Pradesh.
Nova Deli afirma que a China ocupa 38 mil quilómetros quadrados do território no planalto de Aksai Chin, que a Índia considera parte de Ladakh, onde decorre o actual conflito.