Milhares de manifestantes concentraram-se, no Domingo, pelo terceiro dia consecutivo, junto a uma base militar que acolhe soldados franceses na capital do Níger, Niamey, para exigir a sua partida.
Trata-se de uma exigência partilhada pelo regime militar que chegou ao poder no país no final de Julho através de um golpe de Estado. “Abaixo a França! França fora!”, gritavam os manifestantes palavras de ordem regularmente ouvidas nos vários protestos em Niamey desde o golpe de Estado de 26 de Julho.
No total, desde Sexta-feira, dezenas de milhares de pessoas se concentraram na rotunda próxima da base nigerina onde se encontram militares franceses.
Ao longo da tarde de Sábado, os manifestantes acorreram ao local procedendo de diversos bairros de Niamey e alguns permaneceram ali durante a noite para um protesto sentado (‘sit-in’). As tensões diplomáticas estão ao rubro entre o regime militar no poder e a França, que não reconhece a sua legitimidade.
Cerca de 1.500 soldados franceses estão estacionados no Níger para participar na luta contra os ‘jihadistas’, ao abrigo de acordos militares bilaterais.
A 03 de Agosto, os generais que tomaram o poder através de um golpe de Estado denunciaram vários destes acordos, deles desvinculando o país.
Esses acordos contêm todos diferentes prazos de pré-aviso para o fim da sua aplicação, um dos quais, datado de 2012, era de um mês, segundo os militares.
No final de Agosto, numa concentração em Niamey, o coronel Ibroh Amadou, membro do Conselho Nacional para a Salvaguarda da Pátria (CNSP, autores do golpe de Estado) tinha declarado: “A luta só terminará no dia em que já não houver nenhum militar francês no Níger”.
Por outro lado, o Níger retirou também a imunidade e o visto diplomáticos ao embaixador de França, Sylvain Itté, e exigiu a sua “expulsão”, segundo um despacho do Ministério do Interior datado de Quinta-feira e uma decisão do Tribunal Superior de Niamey de Sexta-feira.
França justificou, ontem, mais uma vez a manutenção do seu embaixador naquele país.
“Ele é o nosso representante junto das autoridades legítimas do Níger, não temos de nos curvar às ordens de um ministro que não tem qualquer legitimidade”, afirmou a ministra dos Negócios Estrangeiros francesa, Catherine Colonna, numa entrevista ao diário Le Monde, garantindo que Paris se certificará de “que ele poderá enfrentar com toda a segurança as pressões dos golpistas”.