A Nicarágua retirou,na Quarta-feira, a cidadania a 94 opositores políticos, incluindo aos escritores Sergio Ramírez e Gioconda Belli.
O juiz do tribunal de recurso Ernesto Rodríguez Mejía declarou 94 pessoas traidoras e anunciou a perda da cidadania nicaraguense, além de confisco das propriedades
Mejá salientou que os visados, entre eles a activista Vilma Núñez e o jornalista Carlos Fernando Chamorro, são culpados de “espalhar falsas notícias” e “conspiração para minar a integridade” do país.
Não é claro em que lei se baseou a declaração do magistrado.
O parlamento da Nicarágua ainda não aprovou na totalidade a projecto de lei que vai permitir ao Governo retirar a cidadania a uma pessoa.
A maioria das pessoas que constam na lista fugiu da Nicarágua desde que o Presidente do país, Daniel Ortega, começou a perseguir opositores, há dois anos.
Mejía classificou estas pessoas de fugitivos, não mencionando, porém, o que pode acontecer aos que se encontram ainda no país.
A mudança acontece dias depois de Ortega ter enviado 222 detidos, como líderes políticos, padres, estudantes, activistas e outros dissidentes, num vôo para os Estados Unidos.
Milhares de pessoas fugiram do país desde que as forças de segurança nicaraguenses reprimiram, violentamente, protestos anti-governamentais em massa, em 2018.
Ortega disse que os protestos foram uma tentativa de golpe, com apoio externo, visando a queda da presidência e encorajando nações estrangeiras a aplicar sanções aos membros da sua família e do Governo.
No período que antecedeu a reeleição de Ortega, em Novembro de 2021, as autoridades do país detiveram sete potenciais candidatos presidenciais da oposição.
O Governo também encerrou centenas de organizações não-governamentais que Ortega acusou de receberem financiamento estrangeiro e de o canalizar para desestabilizar o executivo.
Entretanto, os Estados Unidos pediram, na Terça-feira, a “libertação imediata” do bispo Rolando Álvarez, condenado a 26 anos de prisão pelos crimes de conspiração, divulgação de notícias falsas, obstrução de funções e desacato à autoridade.
“Condenamos esta acção do Governo da Nicarágua e apelamos à libertação imediata do bispo Álvarez”, declarou o porta-voz do Departamento de Estado norteamericano, Ned Price, antes de reiterar o apelo da administração do Presidente Joe Biden, para “a libertação das pessoas presas na Nicarágua por exercerem as liberdades fundamentais”.
Álvarez é membro da Conferência Episcopal da Nicarágua (CEN) e é reconhecido no país pelo trabalho feito na defesa dos direitos humanos contra a opressão do Governo sandinista de Ortega.
Em 2022, tornou-se no primeiro bispo da Igreja Católica a ser detido desde que Daniel Ortega assumiu o poder, em 2007.