Nesta Quinta-feira (2), o The Economist publicou uma entrevista com o presidente da França, Emmanuel Macron, na qual o mandatário voltou a abordar o envio de tropas para Kiev, acrescentando que a Europa está de frente com alguém “que não descarta nada”.
Segundo o presidente, muitos países da União Europeia compreenderam a sugestão de Paris em relação ao envio de tropas, e concordaram com ela.
“Na verdade, muitos países disseram nas semanas que se seguiram [ao anúncio da ideia em Fevereiro] que compreenderam a nossa abordagem, que concordaram com a nossa posição e que esta posição era uma coisa boa”, afirmou.
Para o líder francês, “se a Rússia decidir ir mais longe, em qualquer caso, todos teremos que nos perguntar esta questão” de enviar tropas, descrevendo a sua recusa em descartar tal medida como um “alerta estratégico para os meus homólogos”.
“Não estou descartando nada, porque estamos diante de alguém que não descarta nada”, acrescentou. Apesar da confiança expressada nas declarações do mandatário, pelo menos publicamente, outros países europeus reagiram negativamente quando ele ventilou a ideia dois meses atrás.
A Alemanha, por exemplo, disse mais de uma vez através do seu chanceler e ministro da Defesa que não enviaria. O mesmo foi seguido pela Polónia, República Tcheca, Hungria, entre outros.
Na época, o Kremlin reagiu à sugestão de Macron e disse, através do porta-voz da Presidência Dmitry Peskov que, com o envio, “teremos que falar não sobre a probabilidade, mas sobre a inevitabilidade de um confronto directo entre a Rússia e a OTAN”.
Ainda na entrevista dessa Quintafeira (2), o presidente francês descreveu a Rússia como “uma potência de desestabilização regional” e “uma ameaça à segurança dos europeus”, principalmente aos Países Bálticos e à Polónia. “Tenho um objectivo estratégico claro: a Rússia não pode vencer na Ucrânia. Se a Rússia vencer na Ucrânia, não haverá segurança na Europa.
Quem pode fingir que a Rússia pararia aí? Que segurança haverá para os outros países vizinhos, Moldávia, Roménia, Polónia, Lituânia e outros?”, indagou. A entrevista de Macron acontece após o presidente dizer, na semana passada, que a “Europa pode morrer”.
Moscovo já declarou diversas vezes que não tem a intenção de escalar ou ampliar o conflito, na verdade, o governo russo continua a observar o movimento contrário: o da OTAN expandindo o seu potencial militar até às fronteiras russas, conforme observado pelo secretário do Conselho de Segurança russo, Nikolai Patrushev, no início de Abril. “[…] Só no ano passado, a OTAN e os seus Estados-membros realizaram 130 coligações e mais de mil exercícios militares nacionais.
Vejam, não numa década, mas num ano, 2023”, apontou. Num artigo recém-publicado pela revista norte-americana Foreign Affairs, é reportado que o conflito ucraniano poderia ter sido solucionado ainda em Maio de 2022, quando Rússia e Ucrânia publicaram um acordo para colocar fim às hostilidades.
Os autores do artigo confirmam: Moscovo e Kiev publicaram um acordo chamado Comunicado de Istambul e estavam a um passo da paz, quando países ocidentais interferiram para impedir a assinatura do armistício.