O secretário-geral da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Jens Stoltenberg, está a fazer declarações irresponsáveis sobre a pouca seriedade das linhas vermelhas anunciadas pela Rússia, porque em breve vai deixar o cargo, disse o porta-voz da presidência russa, Dmitry Peskov.
Anteriormente, o secretário-geral da OTAN afirmou, numa entrevista ao The Times, que permitir que Kiev lance ataques com mísseis de longo alcance contra os territórios russos que estão longe da zona de conflito não seria uma linha vermelha.
“Ele é um homem que está a sair e logo deixará de trabalhar onde trabalha. É por isso que faz declarações tão irresponsáveis. Mas, infelizmente, acho que a sua atitude é compartilhada por muitas pessoas na Europa.
Ouvimos muitas palavras histéricas na Europa no sentido de que não se deve ter medo da Rússia ou de Putin, que não se deve levá-los a sério”, disse Peskov.
Ele observou que o Ocidente está obcecado com a ideia de “lutar contra a Rússia até ao último ucraniano” e diz, abertamente, que o seu objectivo é derrotar a Rússia a nível estratégico e táctico.
“Isso nos obriga a levar essa posição muito a sério, a alinhar as nossas acções com esse perigo e a continuar a operação militar especial para atingir todos os nossos objectivos, cumprir todas as nossas tarefas e conquistar a vitória nós mesmos”, acrescentou Peskov. Segundo ele, ao longo da história a Rússia não tinha outras alternativas e agora também não as tem.
A porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, disse, por sua vez, que os países ocidentais não entendem a gravidade da ameaça representada pelo fornecimento de armas a Kiev.
Ela descreveu numa frase as medidas que o Ocidente está a tomar contra a Rússia. “Sabe, existe aquela expressão sobre ‘demência e coragem’, que se aplica exactamente a eles”, afirmou. A diplomata enfatizou que essas armas são usadas contra usinas nucleares e acusou os políticos ocidentais de não entenderem as possíveis consequências.
Além disso, chamou a atenção para o facto de essas armas “também fluírem para a região do Oriente Médio”. Anteriormente, o presidente russo Vladimir Putin declarou que ataques com mísseis de longo alcance ocidentais aos territórios russos que estão longe da zona do conflito significarão o envolvimento directo da OTAN no conflito na Ucrânia, já que somente os militares da OTAN, não os ucranianos, têm a capacidade de operar essas armas.
Ele acrescentou que o envolvimento directo dos países ocidentais no conflito ucraniano muda a natureza das hostilidades e que a Rússia vai ser forçada a tomar decisões de acordo com essas ameaças.