Envolvido num enorme escândalo de padres pedófilos nos Estados Unidos, o cardeal americano Bernard Law faleceu ontem, Quarta-feira (20), aos 86 anos, anunciou o Vaticano.
No início de 2002, o cardeal Law, na época arcebispo de Boston, reconheceu que protegeu o então padre Paul Shaney, sobre quem pesavam várias provas de abuso sexual contra crianças. Ele também foi acusado de ter transferido o padre John Geoghan, de paróquia em paróquia, apesar de saber que era suspeito de ter abusado de 130 crianças. Após o escândalo, Law abandonou a arquidiocese de Boston, mas foi nomeado arcipreste da basílica de Santa Maria Maggiore, o que significa que integrava a Cúria Romana (governo do Vaticano).
Uma investigação do jornal “Boston Globe” revelou como a hierarquia da Igreja Católica local, com o cardeal Law à frente, acobertou de forma sistemática, e geralmente cínica, os abusos sexuais cometidos por quase 90 padres de Boston e seus arredores durante várias décadas. A série de reportagens rendeu o prestigioso Prêmio Pulitzer ao jornal.
Centenas de vítimas testemunharam sobre os abusos. “Spotlight”, que venceu o Oscar de melhor filme em 2016, conta a história da investigação do “Boston Globe” dando voz aos sobreviventes. Grandes escândalos de pedofilia agitaram a Igreja Católica no início dos anos 2000, do México à Alemanha, passando pela Irlanda, onde um único padre reconheceu ter abusado sexualmente de mais de 100 crianças.