Moçambique começou ontem o seu mandato de dois anos como membro não-permanente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU)
A cerimónia esteve marcada para as 12:00 em Nova Iorque, Estados Unidos (18:00 horas em Luanda), e contou com a presença do embaixador moçambicano nas Nações Unidas, Pedro Comissário, que içou a bandeira do país africano e fez um discurso inaugural.
“Vamos tratar muito do terrorismo”, declarou Pedro Comissário, citado pelo órgão de comunicação oficial da organização, ONU News.
Além de levar o combate contra o terrorismo à mesa do Conselho de Segurança das Nações Unidas, segundo o diplomata, Moçambique quer levantar o debate sobre a necessidade de uma reforma do órgão para inclusão das “preocupações africanas”. “É necessário prestar atenção à reforma do Conselho de Segurança para reflectir as preocupações africanas, região que sofreu uma injustiça histórica.
Não temos nenhum membro permanente no Conselho de Segurança”, alertou Pedro Comissário.
Moçambique foi eleito membro não-permanente do Conselho de Segurança da ONU para o período de 2023 e 2024 em 09 de Junho. Este órgão, criado para manter a paz e a segurança internacionais em conformidade com os princípios das Nações Unidas, tem cinco membros permanentes — Estados Unidos de América, Rússia, França, Reino Unido e China — e 10 membros não-permanentes.
Todos os anos, a Assembleia-Geral elege cinco de um total de 10 membros não-permanentes, que nos termos de uma resolução da ONU são distribuídos da seguinte forma: cinco africanos e asiáticos, um da Europa de Leste, dois da América Latina, dois da Europa Ocidental e outros Estados.
A eleição de Moçambique ocorreu numa altura em que a insurgência armada na província de Cabo Delgado continua o principal desafio de segurança, com alguns ataques reclamados pelo grupo extremista Estado Islâmico. A insurgência, que se prolongou pelos últimos cinco anos, levou a uma resposta militar desde Julho de 2021 com apoio do Rwanda e da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC), libertan do distritos junto aos projectos de gás, mas surgiram novas vagas de ataques a Sul da região e na vizinha província de Nampula.
O conflito já fez um milhão de deslocados, de acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), e cerca de 4.000 mortes, segundo o projecto de registo de conflitos ACLE.