A população de Moçambique tem de implementar estratégias que permitam salvar vidas durante desastres naturais, como as chuvas intensas que afectaram o país na semana passada, disse, ontem, a ministra da Terra e Ambiente moçambicana, segundo noticia a Lusa
Numa conferência internacional em Addis Abeba, capital da Etiópia, Ivete Maibaze lembrou que Moçambique está a ser fustigado por chuvas fortes que têm causado danos enormes.
Entre Outubro e Abril, Moçambique é ciclicamente atingido por cheias, fenómeno justificado pela localização geográfica, sujeita à passagem de tempestades e, ao mesmo tempo, a jusante da maioria das bacias hidrográficas da África Austral.
Durante a actual época chuvosa, as cheias afectaram mais de 88 mil pessoas, causaram a morte de 91 pessoas, destruíram mais de mil habitações, danificaram mais de 3 mil e destruíram 186 salas de aula, lamentou Ivete Maibaze.
Na semana passada, a província de Maputo foi afectada por chuva intensa, intempéries que prejudicaram pelo menos 39 mil pessoas e provocaram nove óbitos, além de terem isolado o município de Boane, a pouco mais de 30 quilómetros do centro da capital moçambicana.
Ivete Maibaze defendeu que, face ao aumento de eventos climáticos extremos devido às mudanças climáticas, a população de Moçambique tem de “implementar estratégias que permitam salvar vidas” durante desastres naturais.
Na Quinta-feira, um engenheiro e especialista em gestão de riscos de desastres disse à Lusa que a “negligência” e a “falta de ordenamento territorial” agravaram o impacto das inundações na região de Maputo, mas que a elevada “magnitude” potenciou o efeito da calamidade.
“Não fomos preparando a sociedade e as nossas instituições para lidar com este tipo de situações extremas na região Sul de Moçambique”, afirmou Luís Artur.
Na conferência de hoje [ontem], centrada na relação entre as mudanças climáticas e as migrações, co-organizada pela Organização Internacional para as Migrões (OIM), Ivete Maibaze confirmou que a destruição causada por eventos climáticos extremos tem provocado deslocações internas de pessoas.
“A incerteza e o rompimento da capacidade de subsistência” são um dos factores principais das migrações forçadas das “comunidades rurais mais vulneráveis”, as mais afectadas pelas mudanças climáticas, disse a ministra.
No entanto, “a migração não é devidamente acompanhada por acesso a emprego, habitação condigna e serviços de saúde e saneamento” nas cidades, notou Maibaze. Também a directora do Departamento de Cultura da União Africana (UA), a moçambicana Ângela Martins, disse que “o clima extremo tem cada vez mais impacto na vida das pessoas”, devido às secas e à falha nas colheitas agrícolas. “Se nada for feito em África, isso vai sabotar a agenda da União Africana (UA) para o desenvolvimento sustentável”, alertou a responsável.