Assim, depende na recta final da campanha da mobilização com “intensidade” do seu eleitorado, afirma a cientista política AnneMarie Slaughter, segundo a Lusa.
Apesar do impulso inicial de Harris, vice-presidente nos últimos quatro anos, quando assumiu a candidatura democrata em substituição do Presidente Joe Biden, há uma dificuldade acrescida em ganhar as eleições como incumbente.
Sobretudo, quando “os americanos estão descontentes com a inflação, e, com razão, estão descontentes com o estado da economia em muitos aspectos, e com razão”, sublinhou Slaughter em entrevista à Lusa, em Lisboa. “Mas até que ponto é que isso deve-se às políticas de Biden?”, questionou.
Nos últimos dois meses, o candidato republicano conseguiu reduzir a vantagem de Kamala nas sondagens, cuja diferença no voto nacional atingiu no final de Agosto o pico de 3,5 pontos, recuando desde então para próximo da margem do empate técnico, segundo a plataforma FiveThirtyEight.
Mesmo que Harris lidere a maioria das sondagens nacionais, dado que o sistema norte-americano funciona por colégio eleitoral, um pequeno número de Estados disputados por ambos os candidatos pode vir a dar a vitória a um dos dois.
Anne-Marie Slaughter, que esteve em Lisboa a convite da Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, é cientista política norte-americana, actualmente directora-geral do “centro de investigação e acção” New America e autora ou editora de nove livros.
Colaboradora do Financial Times e colunista regular do Project Syndicate, Slaughter foi ainda professora de Direito Internacional, trangeiro e Comparado de J. Sinclair Armstrong na Faculdade de Direito de Harvard e Presidente da Sociedade Americana de Direito Internacional.
Mais de um mês após o debate entre os candidatos às eleições presidenciais norte-americanas, as sondagens mostram umas eleições extremamente renhidas, mas Slaughter relembrou que a situação dos democratas já foi pior.
“Se Biden estivesse a concorrer, imagine-se como seriam as sondagens… Em Junho, a maioria das pessoas pensava que esta era uma eleição fácil para Trump”, frisou.
Slaughter salientou que “quando os números baixam, isso também pode levar a uma participação activa” e, tendo isto em mente, Harris tem apelado aos seus apoiantes para não tomarem a vitória por garantida, lembrando que tal exigirá muito trabalho.
A politóloga norte-americana elogia Harris por se ter conseguido posicionar à frente de Donald Trump em muitas sondagens, apesar de ter tido um período de tempo bastante mais curto que o normal para fazer a sua campanha, e ainda atentando ao facto de Kamala ser “quem é e o facto de ser a vice-presidente de Biden”.
“Penso que é a questão de se fazer ouvir… há sempre cacofonia e, numa eleição, ela é inteligente ao manter uma mensagem positiva sobre o caminho a seguir e não se perder em pormenores de planos”, afirmou à Lusa.
Para Slaughter, será determinante que grupos como os de mulheres a favor da candidata democrata (“Women for Harris”) consigam agora actuar, registar pessoas, levá-las às urnas.
A “Women for Harris”, que começou em 2020 como “Women for Biden-Harris”, é uma comunidade nacional, não afiliada a nenhuma campanha, composta por mais de um milhão de mulheres e organizadoras dedicadas a promover a presidência de Kamala Harris e a impulsionar a eleição de candidatos democratas.
O resultado final, afirma a politóloga, está dependente da capacidade de grupos como estes “fazerem tudo o que é necessário para que a intensidade do sentimento (por Kamala) seja mais forte do que a intensidade de muitos dos eleitores de Donald Trump”.