O ministro da Defesa ucraniano, Rustem Umerov, cancelou a sua visita a França, prevista para ontem, por “razões de segurança”
O anunciou foi feito Quarta-feira à noite pelo Ministério das Forças Armadas francês. Rustem Umerov irá participar por vídeo-conferência, com o seu homólogo francês Sébastien Lecornu, no lançamento em Paris de uma “coligação de artilharia” que visa reforçar as capacidades de Kiev contra a Rússia.
Esta coligação, liderada pela França e pelos Estados Unidos, é uma das componentes do grupo de contacto para a defesa da Ucrânia conhecido como grupo Ramstein que reúne mais de 50 países que apoiam Kiev.
Esta componente na qual participam 23 nações “visa unir esforços para ajudar, a curto e longo prazos, a Ucrânia a ter uma força de artilharia adaptada às necessidades da contra-ofensiva e do seu Exército de amanhã”, de acordo com um comunicado do Ministério das Forças Armadas francês anterior.
Lecornu e Oumerov tinham planeado para hoje à tarde uma visita às instalações industriais Nexter em Bourges, onde são produzidos os canhões de artilharia César que Kiev aprecia, e depois ao navio com mísseis MBDA em Selles-Saint-Denis, outra cidade do centro da França.
O Ministério das Forças Armadas francês adiantou ainda Quartafeira à noite que vai entregar seis canhões César a Kiev “nas próximas semanas” e produzir outros 72 em pouco mais de um ano para a Ucrânia.
Seis destes, encomendados em Setembro no âmbito de um contrato comercial directo entre a Nexter e o Estado ucraniano, “com fundos próprios de Kiev”, serão entregues “nas próximas semanas”, tendo os outros 72 de encontrar formas de financiamento, acrescentou a mesma fonte.
A França já cedeu ou vendeu 30 canhões César à Ucrânia desde o início da guerra, enquanto a Dinamarca forneceu 19 exemplares de uma versão blindada de oito rodas.
Os senadores franceses afirmaram, Quarta-feira, que a França e os restantes países europeus “estão aquém das expectativas” da Ucrânia no fornecimento de munições de que o país precisa urgentemente, exortando os aliados de Kiev a aumentar a produção.
Cédric Perrin, presidente da Comissão de Negócios Estrangeiros e da Defesa do Senado, realçou que do objectivo de um milhão de munições prometidas até à primavera de 2024 pela União Europeia (UE), só 300 mil foram entregues, indicou Perrin.
Umerov manteve Terça-feira um diálogo com o homólogo norteamericano, Lloyd Austin, sobre o ponto de situação da guerra com a Rússia e o fornecimento de mais equipamento para a defesa aérea ucraniana.
Numa nota na rede social X, Rustem Umerov frisou que conversou com o norte-americano sobre a “situação actual na linha de frente”.
Mas, também sobre “o reforço de fortificações, o fornecimento de recursos adicionais de defesa aérea e a garantia das capacidades da Força Aérea” ucraniana.
A nova ajuda militar de Washington a Kiev tem estado sob interrogação, perante a recusa dos republicanos no Congresso norte-americano em aprovar o orçamento pedido pelo Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, devido às suas próprias exigências de segurança da fronteira dos EUA.
Biden tem enfrentado forte resistência dos conservadores no seu pedido de 110 mil milhões de dólares para um pacote de ajuda em tempo de guerra para a Ucrânia e Israel, bem como outras prioridades de segurança nacional.
Quase dois anos após a invasão russa da Ucrânia, a frente de batalha está praticamente congelada há muitos meses, confirmando a hipótese de um conflito prolongado.
A ofensiva militar russa no território ucraniano, desencadeada em 24 de Fevereiro de 2022, mergulhou a Europa naquela que é considerada a crise de segurança mais grave desde a Segunda Guerra Mundial (1939-1945).
Os aliados ocidentais da Ucrânia têm fornecido armas a Kiev e aprovado sucessivos pacotes de sanções contra interesses russos para tentar diminuir a capacidade de Moscovo de financiar o esforço de guerra.