A ministra da Presidência da África do Sul, Khumbudzo Ntshavheni, viaja para a Rússia nesta Terçafeira para discutir, entre outros assuntos, a missão dos líderes africanos que procuram um acordo de paz entre Moscovo e Kiev.
Ntshavheni participará na Reunião Internacional de Altos Funcionários Responsáveis pelas Questões de Segurança, que decorrerá entre Terça e Quinta-feiras, na Rússia, divulgou, ontem, o seu ministério em comunicado.
“Esta reunião anual discutirá as tendências gerais da situação de segurança internacional, incluindo a segurança alimentar global”, afirmou o comunicado oficial.
Além disso, a ministra vai discutir as “iniciativas relevantes” anunciadas pelo Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, “sobre a Missão de Paz dos Líderes Africanos à Rússia e à Ucrânia”.
Ntshavheni, acrescentou o comunicado, “enviou uma equipa de funcionários de alto nível para a Ucrânia para preparar a missão de iniciativa de paz”.
“Continuaremos a procurar a paz e o fim da guerra entre a Rússia e a Ucrânia”, sublinhou a ministra na sua conta do Twitter, na Sexta-feira.
Ramaphosa e cinco outros chefes de Estado africanos vão deslocar-se à Rússia e à Ucrânia em Junho para tentar iniciar conversações de paz entre as duas nações em conflito, disse um alto funcionário do Governo sul-africano.
“No início de Junho, os seis chefes de Estado vão deslocar-se às duas capitais (Moscovo e Kiev) para desempenhar um papel de facilitação e, pelo menos, chegar a um cessarfogo”, disse Zane Dangor, directorgeral do Departamento de Relações Internacionais e Cooperação, a uma comissão parlamentar.
“Esta iniciativa foi partilhada com o secretário-geral das Nações Unidas (António Guterres), que manifestou o seu apoio, e vamos também dialogar com outros atores, incluindo os Estados Unidos”, acrescentou Dangor.
Além de Ramaphosa, a delegação incluirá os presidentes da Zâmbia, Senegal, República do Congo (Congo-Brazaville), Uganda e Egipto.
No dia 16, Ramaphosa anunciou a iniciativa e indicou que os presidentes da Ucrânia, Volodymir Zeensky, e da Rússia, Vladimir Putin, “concordaram em receber” a missão em Kiev e Moscovo.
O anúncio de Ramaphosa foi feito depois de o embaixador dos Estados Unidos na África do Sul, Reuben Brigety, ter acusado a África do Sul de fornecer armas à Rússia no dia 11, embora o diplomata tenha explicado mais tarde que as suas palavras foram mal interpretadas.
Em resposta, o Presidente sul-africano afirmou, há uma semana, que o seu país mantém uma posição “não-alinhada” relativamente à guerra da Rússia contra a Ucrânia.
A posição da África do Sul não está apenas ligada ao papel estratégico político e económico de Moscovo em alguns países africanos, mas também a razões históricas como o apoio da Rússia aos movimentos anti-coloniais e de libertação do século XX, como a luta contra o regime segregacionista do “apartheid”.