O autarca de Maputo, Razaque Manhique, reconheceu esta terça-feira o problema na recolha de lixo na cidade devido às barricadas colocadas nas estradas durante as violentas manifestações pós-eleitorais em Moçambique.
“As barricadas que temos estado a ver na nossa cidade prejudicam bastante a prestação de serviços elementares, a prestação de serviços básicos que todos nós devemos ter (…), temos estado a ver muito a presença de resíduos sólidos nas ruas e esta presença de resíduos sólidos nas ruas concorre para que tenhamos problemas de saúde pública”, disse o autarca, em conferência de imprensa.
Manhique explicou que Maputo produz diariamente cerca de 1,3 toneladas de resíduos sólidos, acrescentando que a recolha desta quantidade de resíduos não é fácil e “exige um trabalho árduo de todos os intervenientes do processo”.
“Imaginemos com dois ou três dias de paralisação, dois ou três dias de barricadas, torna-se mais difícil ainda. Razão pela qual vemos contentores transbordando no meio da rua”, disse Razaque Manhique.
Segundo o autarca, nas manifestações são incendiados contentores e os camiões de recolha de lixo sofrem “atentados”. “Se uma viatura ligeira não pode passar porque encontra uma barricada, grave é quando se trata de um camião porque igualmente os camiões de recolha de lixo sofreram atentados”, avançou.
Razaque Manhique reconheceu ser legítimo manifestar-se, avançando que todos têm o direito de dizer aquilo que pensam, mas não violentamente e que, por isso.
Pelo menos 76 pessoas morreram e outras 240 ficaram feridas por baleamento em Moçambique em 41 dias de manifestações de contestação dos resultados eleitorais, indicou a Organização Não-Governamental (ONG) moçambicana Plataforma Eleitoral Decide.
Segundo o relatório divulgado por aquela plataforma de monitorização eleitoral, que aponta dados de 21 de outubro a 1 de dezembro, há ainda registo de “mais de 1.700 feridos por causas diversas”, em todo o país, nestas manifestações e uma estimativa de “mais de 3.000 detenções”.
O candidato presidencial Venâncio Mondlane, que não reconhece os resultados eleitorais anunciados, apelou na segunda-feira a uma nova fase de contestação eleitoral de uma semana, a partir de quartafeira, em “todos os bairros” de Moçambique, com paralisação da circulação automóvel.