O director da divisão de direitos humanos da Missão das Nações Unidas no Mali (Minusma) foi declarado “persona non grata” e “terá de abandonar o território nacional em 48 horas”, disse Domingo a junta militar no poder.
A decisão, anunciada em comunicado, surge após um discurso duramente criticado pela junta de uma defensora dos direitos humanos do Mali, que há 10 dias denunciou na ONU a situação de segurança no país e o envolvimento, segundo a activista, dos novos aliados russos e do exército nacional em violações graves.
“Esta medida segue-se às acções desestabilizadoras e subversivas” do responsável da ONU, Guillaume Ngefa-Atondoko Andali, diz o comunicado lido na televisão nacional e assinada pelo porta-voz do governo, o coronel Abdoulaye Maiga.
“Por ocasião das várias sessões do Conselho de Segurança da ONU sobre o Mali, a acção do Sr.
Andali consistiu em seleccionar usurpadores que se arrogam o título de representantes da sociedade civil do Mali, ignorando as autoridades e as instituições nacionais”, acrescenta o documento sobre a saída do país do responsável da República Democrática do Congo.
No documento acrescenta-se: “A parcialidade do Sr. Andali foi ainda mais evidente durante a última revisão do Conselho de Segurança da ONU sobre o Mali”, dia da intervenção pela sociedade civil de Aminata Cheick Dicko.
Aminata Cheick Dicko discursou perante o Conselho de Segurança no dia 27 de Janeiro, denunciando abusos das forças armadas do país e de mercenários russos, uma intervenção muito criticada pela junta no poder no Mali.
A Minusma foi criada em 2013 para ajudar a estabilizar um Estado ameaçado de colapso sob a ofensiva ‘jihadista’, proteger os civis, contribuir para o esforço de paz, ou defender os direitos humanos. Mas a situação de segurança no Mali tem continuado a piorar.
A junta militar no poder está a bloquear abertamente as investigações da Minusma sobre os direitos humanos e os abusos dos quais as forças malianas são regularmente acusadas.
No dia 27 de Janeiro, o secretário-geral da ONU, António Guterres, defendeu num relatório apresentado no Conselho de Segurança que a actual situação da missão no Mali é “insustentável” sem um aumento do número de tropas no terreno, admitindo também um cenário de retirada total das tropas.
No mesmo dia, o Governo do Mali manifestou relutância em aumentar a dimensão e as capacidades da Minusma.