O escândalo mais recente diz respeito à Oxfam, cujos funcionários terão contratado prostitutas durante uma missão no Haiti.
Mais de 120 trabalhadores de ONG britânicas foram acusados de abusos sexuais no ano passado, afirma ontem o jornal diário britânico The Sunday Times, que esta semana revelou que cooperantes da Oxfam contrataram prostitutas no Haiti depois do sismo de 2010. Segundo os números publicados pelo jornal, das ONG (Organizações Não Governamentais) analisadas, a Oxfam registou 87 casos no ano passado, a Save the Children 31, dos quais 10 “foram transmitidos à polícia e às autoridades civis”, e a organização Christian Aid registou dois incidentes.
No caso da Oxfam, com 5.000 empregados e uma rede de 23.000 voluntários, a organização transmitiu às autoridades 53 acusações, sublinha o The Sunday Times. Segundo a Save the Children, os 31 casos registados ocorreram no estrangeiro e 16 pessoas foram despedidas na sequência das acusações. A Christian Aid afirmou que afastou um dos seus trabalhadores e adoptou “acções disciplinares” contra outro. A Cruz Vermelha no Reino Unido admitiu que houve “uma pequena quantidade de casos de assédio”, que o jornal quantifica ecomo sendo cinco. Um ex-trabalhador da Cruz Vermelha e das Nações Unidas, Andrew MacLeod, defendeu que existe falta de respostas contra a “pedofilia institucionalizada” entre os cooperantes em missões internacionais.
O jornal “The Observer” revelou ontem acusações de um antigo trabalhador da Oxfam que pormenoriza a forma como os cooperantes utilizaram prostitutas no Tchad em 2006. Naquele momento, o chefe da missão no Chade era Roland van Hauwermeiren, que se demitiu em 2011 depois de admitir a exploração sexual de mulheres depois do sismo que devastou o Haiti em 2010. “Tenho muito respeito pela Oxfam, fazem um grande trabalho, mas este é um problema que afecta todo o sector”, afirmou o ex-trabalhador da organização britânica ao The Observer.
A ministra da Cooperação Internacional britânica, Penny Mordaunt, afirmou ontem que escreveu a todas as ONG que recebem fundos públicos no Reino Unido para clarificarem as medidas que adoptam para evitar casos de abusos. “Em relação à Oxfam e qualquer outra organização que tenha problemas de protecção (contra esses casos), esperamos que cooperem por completo com as autoridades. Deixaremos de dar fundos a qualquer organização que não o faça”, disse.