Uma dezena de líderes africanos felicitou o Presidente da República Democrática do Congo (RDCongo), Félix Tshisekedi, pela sua reeleição nas eleições de 20 de Dezembro, apesar da rejeição da oposição congolesa e das acusações de alegadas irregularidades eleitorais
“As autoridades eleitorais congolesas anunciaram a vitória de Félix Antoine Tshisekedi com 73% (dos votos). Gostaria de lhe dar os meus mais sinceros parabéns”, declarou Azali Assoumani, Presidente das Comores e actual presidente da União Africana (UA), na sua conta X (antigo Twitter).
Também o Presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, que, em 28 de Dezembro, enviou um primeiro contingente de soldados sul-africanos para o leste da RDCongo, onde mais de 100 grupos rebeldes estão em combates, para se juntarem a uma nova força regional da Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC).
“O povo da RDCongo deu um passo sólido para a consolidação da democracia no seu país e exprimiu o seu desejo de um futuro pacífico, seguro e próspero”, acrescentou o Presidente sulafricano, numa declaração pouco depois de ter sido anunciada a vitória de Thsisekedi com 73,23% dos votos, segundo as autoridades eleitorais.
Desde então, Tshisekedi foi também felicitado pelos presidentes do Quénia, William Ruto, da Namíbia, Hage Geingob, do Senegal, Macky Sall, da Tanzânia, Samia Suluhu Hassan, do Uganda, Yoweri Museveni, da Zâmbia, Hakainde Hichilema, e do Zimbabué, Emmerson Mnangagwa.
No entanto, os principais opositores, incluindo Martin Fayulu, Moïse Katumbi e Denis Mukwege, rejeitaram a vitória do Presidente congolês nas eleições presidenciais e apelaram aos seus apoiantes para que se manifestassem.
Katumbi, que ficou em segundo lugar com 18,08% dos votos, chegou mesmo a pedir uma repetição das eleições no domingo no país vizinho de Angola, e classificou os resultados como uma “fraude em massa”.
O líder da oposição, Martin Fayulu, teve apenas 5,33% dos votos, enquanto o vencedor do Prémio Nobel da Paz de 2018, o ginecologista Denis Mukwege, recebeu menos de 1%.
Estes resultados têm ainda de ser validados este mês pelo Tribunal Constitucional congolês. Mais de 40 milhões de pessoas – dos mais de 100 milhões de habitantes do país – foram convocadas em 20 de dezembro para exercer o seu direito democrático em 75.000 assembleias de voto para votar nas eleições presidenciais, legislativas, provinciais e locais. Foram registados cerca de 18 milhões de votos válidos, o que representa uma taxa de participação de 43%.
O processo foi marcado por atrasos e problemas logísticos, que obrigaram a prolongar a votação por vários dias e por alegações de irregularidades por parte da oposição.
A influente Conferência Nacional Episcopal Congolesa (CENCO), que supervisionou imparcialmente as eleições, indicou na passada quinta-feira que existiam “numerosos casos de irregularidades” que poderiam alterar os resultados “em certos locais”.
A RDCongo é o maior país da África subsaariana e tem enormes riquezas minerais (incluindo vastas reservas de cobalto, fundamental para o fabrico de baterias para veículos elétricos), mas tem más infraestruturas em grande parte do território.
Além disso, mais de uma centena de milícias operam no leste do país, que assistiu a uma nova escalada de combates do Movimento 23 de março (M23) desde outubro. Tshisekedi chegou ao poder nas eleições de 2018, criticadas pela oposição e pela comunidade internacional.