O líder da Coreia do Norte, Kim Jong-un, afirmou que quer reforçar a capacidade nuclear do país e os preparativos de guerra, perante a tensão “sem precedentes” na península, noticiou, ontem, a imprensa estatal norte-coreana
Na Quarta-feira, segundo dia da grande reunião anual de fim de ano do Partido dos Trabalhadores, o partido único norte-coreano, Kim disse ao exército e aos sectores de munições, armas nucleares e protecção civil para “acelerar ainda mais os preparativos para a guerra”.
O discurso do dirigente abordou a “grave situação política e militar na península coreana que atingiu um ponto extremo sem precedentes na história devido aos movimentos de confronto dos Estados Unidos e das forças vassalas”, disse a agência de notícias estatal nortecoreana KCNA.
Na Terça-feira, Coreia do Sul, Estados Unidos e Japão anunciaram o lançamento de um sistema para partilhar informações em tempo real sobre mísseis norte-coreanos e um plano de exercícios regulares para enfrentar avanços militares de Pyongyang. De acordo com a KCNA, o dirigente defendeu ainda o direito da Coreia do Norte a “expandir e desenvolver relações de cooperação estratégica com países independentes e anti-imperialistas”, numa aparente referência às críticas à recente aproximação à Rússia, e a participar na “luta anti-imperialista” à escala internacional.
O Ocidente tem acusado Pyongyang de fornecer armas e munições à Rússia, algo negado pelas autoridades do país asiático. No entanto, em Outubro, o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Serguei Lavrov, agradeceu à Coreia do Norte pelo apoio na guerra contra a Ucrânia.
A reunião do partido, cuja duração não é conhecida, vai definir objectivos políticos para 2024, “um ano decisivo” para o cumprimento do actual plano quinquenal do regime, disse Kim, defendendo o reforço do desenvolvimento de armamento.
O líder norte-coreano salientou a necessidade de consolidar as bases organizacionais e ideológicas do partido, bem como de implementar a estratégia “através de uma luta mais corajosa e determinada, apesar dos crescentes desafios e dificuldades”.
Além da política externa, Kim também destacou perante os membros do partido sobre “questões a que deve ser dada prioridade” para reforçar o sistema político, laboral e económico da Coreia do Norte.
Kim sublinhou a necessidade de reforçar indústrias como a siderurgia, a química, a geração de electricidade, o carvão e a maquinaria, bem como a aceleração do desenvolvimento rural e a estabilização da produção agrícola, dando prioridade às indústrias regionais e à pesca.
Na Quarta-feira, a KCNA disse que a Coreia do Norte registou uma rara boa colheita este ano, uma vez que o país terminou a construção de novas instalações de irrigação antes do previsto e cumpriu os principais objectivos agrícolas.