A Libéria foi palco nesta Terça-feira de uma eleição presidencial de que os eleitores esperam vir a ser a primeira transferência democrática do poder no país em mais de sete décadas, apesar de estar manchada por alegações de fraude.
O ex-futebolista mundial do ano, George Weah, enfrentou o vice-presidente Joseph Boakai, com ambos os homens a prometer uma ruptura com uma herança de pobreza e corrupção num país, onde a maioria dos cidadãos não tem eletricidade fiável ou água potável. Eles estão a tentar suceder a Ellen Johnson Sirleaf numa segunda volta, atrasada em cerca de mais de um mês depois de Boakai e o terceiro colocado, Charles Brumskine, do Partido da Liberdade, alegarem fraude generalizada na primeira volta de Outubro, alegações que o Supremo Tribunal rejeitou no mês em curso.
Não houve relatos iniciais de violência à medida que a votação prosseguia sob os céus ensolarados na capital, Monróvia, com as assembleias de voto abertas às 0800 GMT e os agentes eleitorais a dizerem que as primeiras informações indicavam uma menor participação do que na primeira ronda. “É um dia excelente para a Libéria – um dia de prova para a democracia”, disse Boakai depois de ter depositado o seu voto em Paynesville. “Nós aceitamos os resultados desde que atinjam todos os padrões”. O governo de 12 anos de Johnson Sirleaf cimentou a paz no país da África Ocidental após a guerra civil ter terminado em 2003 e trouxe ajuda muito necessária.
Mas as críticas, incluindo uma grande parte da juventude do país, dizem que a sua administração foi prejudicada pela corrupção e que ela fez pouco para tirar a maioria dos liberianos da extrema pobreza. A Libéria também foi atormentada por uma crise de Ébola, que matou milhares de habitantes no país entre 2014 e 2016, enquanto uma queda dos preços do minério de ferro desde 2014 diminuiu as receitas de exportação. George Weah, ex-jogador de futebol e candidato presidencial do Congresso para a Mudança Democrática (CDC), votou numa assembleia em Monróvia. A sondagem de Terça-feira segue- se a um mês de tensões políticas alimentadas por afirmações de que a pesquisa da primeira volta foi organizada em favor de Weah. Weah, futebolista mundial do ano em 1995, ganhou com 38 por cento contra os 29 por cento de Boakai.
“Votei para George Weah porque acredito que ele fará melhor para mim e para o meu país. Eu quero mudança “, disse Miama Kamara, uma mulher de negócios de 32 anos, antes de votar na capital. O Partido da Unidade do governo de Boakai acusou Johnson Sirleaf, ela mesma membro do partido, de interferir no voto de Outubro, realizando reuniões privadas com magistrados eleitorais. Boakai achou mais difícil convencer os eleitores de que ele trará mudanças, já que trabalhou ao lado de Johnson Sirleaf há 12 anos. Weah, ao contrário, ganhou os corações da maioria dos jovens liberianos através das suas performances de estrela nas maiores equipas de futebol da Europa na década de 1990.
À sua chegada a uma mesa de voto, em Paynesville, foi recebido com saudações dos apoiantes. “O meu foco agora é ganhar”, disse ele aos repórteres. “A partir daí, eu vou entrar com com a minha equipa e então vamos elaborar um plano para fazer avançar o nosso país”. Entretanto, alguns desconfiam da falta de experiência política, educação e política concreta de Weah. “Boakai entende a diplomacia”, disse McArthur Nuah Kermah, um professor da escola em Paynesville. “Weah não é experiente.