O ministro das Relações Exteriores da Rússia discutiu numa sessão do Conselho de Segurança das Nações Unidas o conflito na Ucrânia, e culpou o Ocidente por fornecer armas a Kiev e impedir a implementação de um acordo de paz
A busca por um acordo pacífico na Ucrânia é complicada principalmente pelo apoio do Ocidente a Kiev, disse o ministro das Relações Exteriores da Rússia.
“Hoje é bastante óbvio para a esmagadora maioria dos especialistas imparciais que o principal factor que dificulta a busca de uma solução pacífica para a crise ucraniana é o apoio contínuo do Ocidente ao regime de Kiev”, apontou Sergei Lavrov, que falou numa sessão do Conselho de Segurança da ONU sobre a Ucrânia.
Para o ministro, o Ocidente continua a apoiar o regime de Kiev “apesar da sua [de Kiev] óbvia agonia e da sua incapacidade de realizar a tarefa que lhe foi imposta de infligir uma derrota estratégica à Rússia ou, como começaram a dizer recentemente, pelo menos enfraquecer o meu país”.
“Os mercadores da morte não estão nem um pouco envergonhados pelo facto de as suas armas, incluindo munições de fragmentação e projécteis de urânio empobrecido, estarem a atingir metódica, implacável e deliberadamente instalações puramente civis, como foi o caso do ataque a bairros residenciais em Belgorod em 30 de Dezembro, e ontem a um mercado e lojas em Donetsk”, continuou Lavrov.
“O sangue de dezenas de civis mortos está na consciência daqueles que armam o regime de [Vladimir] Zelensky e, ao mesmo tempo, declaram oficialmente que as próprias autoridades de Kiev têm o direito de escolher alvos para os ataques”, sublinhou.
Segundo o ministro russo, as declarações de Antony Blinken, secretário de Estado dos EUA, de que “a ajuda contínua à Ucrânia é uma garantia de criação de novos empregos nos Estados Unidos”, foi referida não como se “estivéssemos a falar sobre o financiamento da guerra que ceifou centenas de milhares de vidas na Ucrânia, mas sobre algum projecto comercial lucrativo”, e lembrou o enterro de resíduos da indústria química ocidental na Ucrânia por parte do bilionário George Soros.
Sergei Lavrov disse ainda que os EUA bloquearam as investigações das explosões nos gasodutos russos Nord Stream (Corrente do Norte), minando a economia europeia. Além disso, apontou, os próprios líderes europeus continuam a “obedecer” às ordens de Washington de financiar Kiev e esvaziar os seus stocks.
“O que aconteceria se a Ucrânia parasse de lutar? Seriam salvas as vidas de centenas de milhares de pessoas que as autoridades de Kiev estão a tentar capturar como gado nas ruas, nos bares, nas igrejas e jogar nas ruas como bucha de canhão para morrer pelos interesses geopolíticos ocidentais e, como eles dizem, pelos ‘valores democráticos’”, sublinhou o chanceler.
Ele também rejeitou a “fórmula da paz” de Zelensky, que, segundo o alto responsável, não leva a lugar nenhum.
“Quanto mais cedo Washington, Londres, Paris e Bruxelas perceberem isso, melhor será tanto para a Ucrânia quanto para o Ocidente”, declarou Lavrov.
“Deixe-me lembrá-lo de que nunca nos recusámos […] e sempre estivemos prontos para negociar.
As negociações não são sobre como manter os líderes do regime de Kiev no poder e satisfazer as suas fantasias, mas sobre como superar o legado de uma década devastadora de saques ao país e violência contra o seu povo”, apontou o ministro das Relações Exteriores da Rússia.