O então cardeal Karol Wojtyla tinha conhecimento de casos de pedofilia na Igreja polaca antes de ser eleito Papa João Paulo II, em 1978, segundo uma investigação jornalística divulgada nesse Domingo pelo canal de TV privado da Polónia TVN Quando era cardeal e bispo de Cracóvia, Karol Wojtyla soube de actos de pedofilia cometidos na sua diocese por padres, que transferiu de paróquia para evitar um escândalo, informou o autor da investigação, Michal Gutowski.
Um dos padres foi enviado pelo futuro Papa para a Áustria.
Wojtyla escreveu uma carta de recomendação ao cardeal de Viena, Franz König, sem informá-lo sobre as acusações contra o pároco.
Para a investigação, Gutowski reuniu-se com vítimas dos padres pedófilos, familiares e ex-funcionários da diocese.
O jornalista também cita documentos da antiga polícia secreta comunista SB e arquivos da Igreja aos quais teve acesso, apesar de destacar que a diocese de Cracóvia lhe negou acesso aos seus arquivos de documentos.
Uma testemunha, que não quis ser identificada, confirma na reportagem que informou pessoalmente o cardeal Wojtyla sobre os actos de pedofilia cometidos por um padre em 1973.
“Wojtyla queria, antes de mais, ter a certeza de que não se tratava de um engano. Pediu que nenhuma parte fosse informada, e disse que se encarregaria do assunto”, declarou o homem, acrescentando que o cardeal lhe perguntou explicitamente se seria possível manter o assunto em sigilo.
“O que você descobriu é revolucionário, porque mostra o que muita gente suspeitava há anos: que João Paulo II sabia que o problema existia antes mesmo de se tornar Papa”, diz na reportagem o americano Thomas Doyle, ex-padre católico, especialista em direito canónico e autor de um dos primeiros relatórios sobre os abusos do clero católico nos Estados Unidos.
Um livro escrito pelo jornalista holandês Ekke Overbeek, intitulado Máxima Culpa, será lançado nesta semana na Polónia, contendo acusações semelhantes contra Karol Wojtyla. A imprensa revelou vários casos de pedofilia dentro da Igreja polaca nos últimos anos.
O Vaticano puniu altos cargos religiosos polacos após essas informações.