A junta militar no poder no Níger pediu ajuda ao grupo mercenário russo Wagner perante a possibilidade de uma intervenção militar da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO), disse um analista
O pedido surgiu durante uma visita de um dos líderes do golpe de Estado, o general Salifou Mody, ao vizinho Mali, onde contactou com um responsável do grupo Wagner, disse um investigador do Soufan Center, com sede em Nova Iorque.
assim Nasr disse à agência de notícias Associated Press (AP) que três fontes do Mali e um diplomata francês confirmaram a reunião que tinha sido avançada pela televisão pública francesa France 24.
Os golpistas “precisam do Wagner porque será a sua garantia de permanência no poder”, disse o analista, acrescentando que o grupo paramilitar russo que tem cerca de 1.500 soldados destacados no Mali, está a avaliar o pedido.
Um oficial militar de um país ocidental que pediu anonimato por não estar autorizado a comentar confirmou à AP que também ouviu relatos de que a junta do Níger pediu ajuda ao grupo Wagner no Mali.
A 30 de Julho, quatro dias após o golpe que derrubou o Presidente eleito do Níger, Mohamed Bazoum, a CEDEAO deu aos militares um ultimato, cujo prazo terminou ontem, para restabelecerem a ordem constitucional, sob pena do recurso à “força”.
O general Mousa Salaou Bramou, nomeado no Sábado chefe do Estado-Maior das Forças Armadas do Níger, recebeu, Sexta-feira, uma delegação da CEDEAO que se deslocou à capital, Niamey, para tentar iniciar uma negociação com os golpistas.
Os contornos de uma “possível intervenção militar” contra os militares golpistas no Níger foram “definidos”, confirmou Sexta-feira o comissário para os Assuntos Políticos e de Segurança da CEDEAO, Abdel-Fatau Musah.
Ainda assim, a CEDEAO continua a privilegiar a via diplomática para resolver a crise, garantiu Musah, no final de uma reunião de três dias, na capital da Nigéria, Abuja, dos chefes de Estado-Maior da organização.
Vários países da África Ocidental, como o Senegal e a Côte D´Ivoire disseram estar prontos para enviar soldados, avançou à agência de notícias France-Presse uma fonte da delegação ivoiriense em Abuja, que pediu anonimato.
O presidente deposto, Mohamed Bazoum alertou, Quinta-feira, num artigo de opinião publicado no jornal norte-americano The Washington Post, que, caso a junta militar permaneça no poder, “toda a região pode cair sob a influência russa”.
“Com um convite aberto dos conspiradores e dos seus aliados regionais toda a região central do Sahel pode cair sob influência russa por meio do grupo Wagner, cujo terrorismo brutal foi claramente visto na Ucrânia”, escreveu Bazoum.