O jornalista guineense Mussá Baldé termina este fim-de-semana as filmagens de “Minina di Bandeja”, filme que denuncia as práticas de trabalho infantil e casamento forçado de raparigas na Guiné-Bissau
“Aideia é levar o filme aos festivais internacionais, porque queremos que o mundo saiba que apesar da existência de um grande trabalho de sensibilização que tem sido feito ao longo dos anos, estas duas temáticas, trabalho infantil e casamento precoce ou casamento forçado, ainda continuam a ser o dia-adia aqui na Guiné-Bissau”, disse à Lusa Mussá Baldé.
Correspondente em Bissau da agência portuguesa de notícias e do serviço de língua portuguesa da RFI (Rádio França Internacional), o jornalista adiantou que o filme se destina “sobretudo a apoiar as organizações da sociedade civil na Guiné-Bissau que trabalham nessa temática“.
Assim, Mussá Baldé pretende, quando concluir “Minina di Bandeja”, entregar cópias da obra a qualquer organização que queira ter acesso ao filme, ou que são parceiras nesse trabalho, para divulgação e sensibilização comunitária. Além da divulgação na Guiné-Bissau, Mussá Baldé quer fazer o mesmo no exterior.
“A minha ideia é divulgar o filme internamente, mas também divulgar o filme lá fora. Participando em festivais, em mostras de cinema, desde logo em Portugal, levar o filme a várias comunidades, mesmo não sendo pessoas afetadas diretamente com esses flagelos, mas pessoas que eventualmente possam estar interessadas em conhecer um pouco mais a realidade da Guiné-Bissau e ajudar a GuinéBissau a enfrentar estes flagelos”, explica.
O filme, de cerca de 70 minutos, pretende demonstrar algumas das vicissitudes por que passam as meninas em venda ambulante, designadamente assédio sexual, violência sexual, violência física, violência psicológica.
“A criança em venda ambulante é mais suscetível de não andar na escola ou ter bom aproveitamento escolar. Há casos de meninas que percorrem cerca de 25 quilómetros diários na venda ambulante, em Bissau, e nesses casos as meninas estão expostas à gravidez precoce ou casamento forçado”, acrescenta.