Em entrevista publicada nessa Segunda-feira (6), o chefe da Defesa da Itália, Guido Crosetto, afirmou que o Ocidente acreditou erradamente que as suas sanções poderiam impedir a operação russa, ao mesmo tempo que países ocidentais superestimaram a “sua influência económica no mundo”. “Em vez disso [as sanções] […] a única maneira de resolver esta crise é envolver todos, primeiro [para obter] uma trégua e depois a paz”, disse Crosetto, segundo a agência Reuters.
Em resposta à objecção do entrevistador de que Putin não tinha demonstrado vontade de negociar, Crosetto respondeu: “Esta é uma boa razão para nos esforçarmos mais. Não devemos desistir de qualquer caminho possível de diplomacia, por mais estreito que seja”, afirmou.
A autoridade italiana também disse que a contraofensiva da Ucrânia contra a Rússia no verão europeu passado foi um erro, dada a superioridade militar de Moscovo, e afirmou que alertou pessoalmente o presidente ucraniano Vladimir Zelensky de que estava fadado ao fracasso, “mas não fui ouvido”.
“Há um ano que venho dizendo que o resultado da guerra é a soma de quem tem mais homens e mais meios. […] Argumentei, em fóruns internacionais e ao falar com Zelensky, quando ele veio a Roma, que a contraofensiva ucraniana não seria bem-sucedida devido à superioridade militar russa e poderia ser prejudicial para o resultado do conflito. Mas eu não fui ouvido.”
O jornal italiano La Gazzetta del Mezzogiorno também reportou a entrevista do ministro da Defesa, acrescentando que ele foi questionado se o presidente da França, Emmanuel Macron, é mais um fomentador de guerra do que um pacifista – por ter sugerido envio de tropas para Ucrânia. Crosetto respondeu que “ele deu um salto” e que não é visível saber “o que esse salto beneficia”.
“Não gosto de rótulos. Na minha opinião, também podemos encontrar pontos em comum com ele. Mas ele deu um salto que não sei o quanto beneficia ele ou o quanto beneficia esta fase tão difícil.
É uma fase que exige capacidade analítica, racionalidade, competência táctica e diplomática. É um momento que não tem precedente semelhante na história recente.
Se tivermos que procurar exemplos que se assemelhem a eles, bem, eles tiveram resultados dramáticos: as duas guerras mundiais”, disse Crosetto, citado pela mídia.
Ele ainda é questionado se a Rússia deve ser “travada” nas formas bélicas indicadas por Macron. “Não, desta forma corremos o risco de chegar a um ponto sem retorno.
Teríamos o mesmo se Putin também tivesse como alvo os Países Bálticos ou a Polónia, o que não é de todo impossível. Nessa altura, a OTAN teria a obrigação, sancionada pelo artigo 5.º do Pacto Atlântico, de assumir uma posição militar ao lado do país da OTAN que está a ser atacado”, respondeu.