O ministro da Defesa israelita, Yoav Gallant, afirmou esse Domingo, num encontro com tropas destacadas na Faixa de Gaza, que Telavive está “a avaliar um governo alternativo ao Hamas”, após a guerra no enclave palestiniano.
“Isolaremos áreas [em Gaza], expulsaremos membros do Hamas dessas áreas e vamos trazer outras forças que permitirão a formação de um governo alternativo”, disse Gallant sem dar mais detalhes, mas referindo-se a essa liderança como uma “alternativa que ameace” o grupo islamita palestiniano, no poder no território desde 2007.
Além disso, Gallant assinalou que o ataque terrestre e aéreo a Rafah, no Sul do enclave, serviu para destruir as estradas que ligam a Faixa de Gaza ao Egipto, que alegou que são utilizadas para o contrabando de armas, o que ajudará a impedir a recuperação do Hamas.
Hamas não faz parte da solução
O ministro da Defesa insistiu que a actual ofensiva, juntamente com a criação de um governo alternativo, garantiria dois dos objectivos de Israel na guerra: eliminar o Hamas como autoridade dominante e militar na Faixa e o regresso dos 121 reféns que permanecem no território palestiniano.
“Não aceitaremos o governo do Hamas, em Gaza, em qualquer fase de qualquer processo que vise acabar com a guerra”, disse Gallant, aludindo às negociações em curso, mediadas pelo Egipto, Qatar e Estados Unidos.
Nova proposta de trégua
Na Sexta-feira, o Presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, divulgou uma proposta de trégua consensual com Israel, na qual, em três fases, ambas as partes alcançariam o cessar-fogo permanente desejado pelo Hamas e a libertação dos reféns, exigida pelo executivo israelita.
O Hamas exige um compromisso israelita para “alcançar um acordo que leve a um cessar-fogo abrangente, uma retirada completa de Gaza e a entrada irrestrita de ajuda para abrigar e ajudar os deslocados”, disse ao canal al-Jazeera, Osama Hamdan, alto dirigente do grupo palestiniano.
O primeiro-ministro israelita, Benjamin Netanyahu, por sua vez, afirmou, através de comunicado do seu gabinete, que as suas condições para pôr fim à guerra – a destruição prévia das capacidades militares e governamentais do Hamas, a libertação dos reféns e a garantia de que a Faixa Gaza já não representa uma ameaça para Israel – não vão mudar.
O ministro da Defesa israelita tem criticado aspectos da gestão do conflito por Netanyahu, particularmente a ausência de um plano pós-guerra, e avisou-o em meados de Maio que não aceitará uma proposta israelita de um governo militar na Faixa de Gaza.
Netanyahu, que afirmou que a proposta não impede a destruição do Hamas, ao mesmo tempo que prossegue a sua ofensiva militar em Rafah, encontra-se sob grande pressão política, com manifestações em grande escala nas principais israelitas a exigir o fim do conflito e a libertação dos reféns, e a ameaça dos seus aliados de extrema-direita de abandonar o executivo.
A guerra na Faixa de Gaza foi desencadeada por um ataque do Hamas em solo israelita, em 07 de Outubro de 2023, que causou cerca de 1.200 mortos e deixou duas centenas de reféns na posse do grupo palestiniano, segundo Telavive.
A ofensiva israelita que se seguiu na Faixa de Gaza provocou mais de 36 mil mortos, de acordo com as autoridades de saúde do governo do Hamas, que controla o enclave palestiniano.