O parlamento israelita aprovou nesta Terça-feira um projeto de lei que visa dificultar a divisão da soberania de Jerusalém entre Israel e os palestinianos num eventual acordo de paz. O projeto, aprovado por 64 votos contra 51, prevê que qualquer concessão de uma parte de Jerusalém aos palestinianos necessita de ser aprovada por dois terços do parlamento israelita.
O projecto, apresentado por um deputado do partido nacionalista Lar Judeu, também permite modificar a definição “municipal” de Jerusalém, para que alguns sectores da cidade sejam “declarados como entidades separadas”, segundo um comunicado do parlamento israelita. Este projecto complica ainda mais a esperança de uma solução de dois Estados no conflito israelo-palestiniano, menos de um mês depois da decisão do Presidente norte-americano Donald Trump de reconhecer Jerusalém como capital de Israel.
Israel ocupa Jerusalém Oriental e a Cisjordânia desde a guerra de 1967. A 30 de julho de 1980, o parlamento israelita aprovou a anexação de Jerusalém, decisão condenada pelo Conselho de Segurança da ONU a 20 de Agosto do mesmo ano. Israel considera que a sua capital é o conjunto de Jerusalém, enquanto os palestinianos aspiram a que Jerusalém Oriental seja a capital de um futuro Estado palestiniano.
“Garantimos a unidade de Jerusalém”, declarou no Twitter o ministro da Educação Naftali Bennett, líder do Lar Judeu. “O Monte das Oliveiras, a Cidade Velha e a Cidade de David continuarão a ser nossos para sempre”, acrescentou, referindo-se a lugares situados na parte palestiniana de Jerusalém. O deputado opositor Dov Khenin disse que a lei também deveria chamar-se “lei para impedir a paz” e que teme que termine por provocar “um banho de sangue”.