O Iraque pediu, ontem, ao Conselho de Segurança e ao secretário-geral da ONU, António Guterres, a “redução do mandato” da missão das Nações Unidas no país e “preparar o seu encerramento definitivo” até ao final de 2025. O porta-voz do Governo iraquiano, Basim Alawadi, afirmou que “as circunstâncias que exigiram a criação da Missão de Assistência das Nações Unidas para o Iraque (Unami), há 21 anos, já não existem”.
Esta posição é partilhada pela Equipa Independente de Análise Estratégica do Conselho de Segurança da ONU, segundo a qual “não há necessidade de a UNAMI continuar devido a melhorias e realizações significativas em vários sectores no Iraque”.
O Conselho de Segurança deverá responder ao pedido iraquiano no final deste mês e a sua resolução deverá “delinear também um mecanismo para o acompanhamento contínuo de determinadas questões em coordenação com as agências internacionais activas no país”.
O governo iraquiano expressou a sua gratidão a Guterres, bem como à chefe da missão da ONU no Iraque, Jeanine Hennis-Plasschaert, e a todo o pessoal da Unami pelo “seu apoio ao longo dos últimos anos”, segundo Alawadi.
O porta-voz do governo iraquiano recordou ainda “os sacrifícios de todos aqueles que serviram nas missões da ONU no Iraque” e, em particular, o de “Sérgio Vieira de Mello e dos seus colegas, vítimas de um ataque terrorista à sede da missão em Agosto de 2003”.
A Unami, que conta actualmente com “648 funcionários, 251 internacionais e 397 nacionais”, foi criada na sequência da invasão americana do Iraque em 2003 e realiza tarefas de avaliação e elabora relatórios sobre a situação dos direitos humanos no país.
A missão coordena igualmente uma série de projectos executados pelas agências da ONU e mantém uma estreita ligação com todos os ministérios do governo iraquiano para a sua execução, entre outras tarefas.
O pedido de fim da Unami surge numa altura em que o Iraque também apelou à retirada das tropas estrangeiras presentes no país no âmbito da coligação internacional que combate o grupo extremista Estado Islâmico (EI) desde 2014, considerando que o exército iraquiano está preparado para enfrentar sozinho esta ameaça.