Os chefes da diplomacia turca e iraniana, respectivamente Hakan Fidan e Amir Abdollahian, pediram ontem, em Ancara, a realização de uma conferência internacional o mais rapidamente possível, para evitar uma guerra regional com origem no actual conflito Israel-Hamas
“O Presidente iraniano propôs uma reunião com os dirigentes regionais, os países muçulmanos e árabes, o mais rapidamente possível para pôr fim à guerra” na Faixa de Gaza, declarou o ministro iraniano numa conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo turco, em Ancara, citado pela agência France-Presse (AFP). De acordo com o ministro turco dos Negócios Estrangeiros, Hakan Fidan, “os países da região devem assumir as suas responsabilidades”, caso contrário “esta espiral de violência continuará a reproduzir-se na região”, defendeu. “Não queremos que a tragédia humana de Gaza se transforme nu- ma guerra que afectará os países da região”, acrescentou o responsável turco, exprimindo a sua “in- quietude”.
Hakan Fidan mostrou-se preocupado com a “propagação geográfica do conflito”, tendo discutido com o seu homólogo iraniano que existem, segundo Teerão, “fortes indicações indicando que outros elementos armados na região poderão intervir no conflito se as condições não mudarem”. “Um cessar-fogo e a paz são essenciais mais do que nunca”, acrescentou, acusando a União Europeia (UE) de “não querer ouvir falar” dessa possibilidade e de dar via livre a Israel na sua guerra contra o Hamas. Segundo o chefe da diplomacia turca, Ancara trabalha para “um cessar-fogo e para a ajuda humanitária, mas a UE não quer ouvir falar de um cessar-fogo”, acusando ainda Bruxelas de não fazer “nada pela ajuda humanitária”.
“Posicionam- se junto aos Estados Unidos e estão a favor de que Israel decida quando pôr fim [à guerra]”, acusou Hakan Fidan. O grupo islamita Hamas lançou em 07 de Outubro um ataque surpresa contra o sul de Israel com o lançamento de milhares de foguetes e a incursão de milicianos armados, fazendo duas centenas de reféns.
Em resposta, Israel declarou guerra ao Hamas, movimento que controla a Faixa de Gaza desde 2007 e que é classificado como terrorista pela União Europeia e Estados Unidos, bombardeando várias infra-estruturas do grupo na Faixa de Gaza e impondo um cerco ao território com corte de abastecimento de água, combustível e eletricidade. O conflito já provocou milhares de mortos e feridos, entre militares e civis, nos dois territórios.