Na visão da chancelaria italiana, “pressão” deve ser exercida sobre golpistas de Niamey para restabelecer a democracia, mas abordagem militar externa deve ser descartada.
Em meio às tensões no Níger após o golpe militar, o chefe da diplomacia italiana, Antonio Tajani, alertou contra o envolvimento militar ocidental no país que agora está sob o controlo de uma junta militar após o derrube do presidente nigerino Mohamed.
“Acho que devemos pressionar a restauração da democracia, mas qualquer iniciativa militar ocidental deve ser excluída, porque seria vista como uma nova colonização”, disse Tajani ao Rai News, nessa Quarta-feira (2).
Os comentários do ministro ocorrem depois que a junta militar acusou a França de conspirar para “intervir militarmente” para libertar Mohamed Bazoum, que está detido desde 26 de Julho.
Paris afirmou que só reconhece Bazoum, eleito democraticamente em 2021, como legítimo poder em Niamey, mas negou as acusações de que uma greve está a ser planejada para libertá-lo.
Na Segunda-feira (1º), a chefe da diplomacia francesa, Catherine Colonna, disse à mídia que a afirmação é falsa.
Os líderes de juntas no Mali e Burkina Faso declararam, há dois dias, que qualquer intervenção militar estrangeira no vizinho Níger seria considerada uma declaração de guerra contra Bamaco e Ouagadougou.
A Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO) emitiu um ultimato de uma semana aos golpistas, no Domingo, para libertar Bazoum e restaurar a ordem constitucional no Níger.
O organismo regional ameaçou usar a força caso a junta chefiada pelo general Abdourahamane Tchiani, comandante da Guarda Presidencial, não cumprisse as directivas.
Em resposta, Bamaco e Ouagadougou anunciaram que sairiam da CEDEAO e “adoptariam medidas de autodefesa em apoio às forças armadas e ao povo do Níger” se o bloco usasse a força.
A Rússia pediu um diálogo nacional na ex-colónia francesa, com a porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Maria Zakharova, a dizer que a ameaça de intervenção militar apenas exacerbará a crise.