Uma OrganizaçãoNão Governamental especializada em monitorizar conflitos armados indicou, ontem, que morreram mais de 9 mil pessoas no Sudão desde o início da guerra, em Abril, entre o exército sudanês e as Forças de Reacção Rápida
A agência de notícias Europa Press refere que aquele número foi adiantado pelo Projecto de Dados de Localização de Conflitos Armados (ACLED) e cita ainda dados da Organização das Nações Unidas (ONU) que apontam que o conflito armado naquele país africano, iniciado em 15 de Abril, provocou ainda mais de 5,5 milhões de deslocados e refugiados.
Os dados, refere a Europa Press, foram fornecidos ao ACLED pelos “comités de resistência”, grupos da sociedade civil envolvidos em protestos no Sudão, primeiro contra o Presidente Omar Hasan al-Bashir, deposto em 2019, e depois contra o exército para defender a implementação de um sistema democrático no país.
De acordo com o ACLED, o conflito continua a crescer e, nas últimas semanas, intensificaram-se os combates entre o exército e o RSF na capital do país, Cartum, com outros grupos armados a envolverem-se “mais activamente na dinâmica do conflito no país”.
A Europa Press aponta o exemplo da facção Abdul Wahid al Nur do Movimento/Exército de Libertação do Sudão (SLM/A) que, no final de Setembro, ganhou o controlo de vastas áreas de território na região do Darfur.
Além daquele grupo, a agência espanhola explica que vários grupos anunciaram apoio a outras facções beligerantes, contribuindo para o agravamento do conflito em todo o país.
O número de mortos apontado pela ACLED é bastante superior aos números oficias fornecidos pelo Ministério da Saúde sudanês, que até à data estimou que morreram 1.265 e 8.396 ficaram feridas.
A representante especial adjunta do Secretário-Geral da ONU e Coordenadora Residente e Humanitária no Sudão, Clementine Nkweta-Salami, estimou, na Sexta-feira, que quase 25 milhões de pessoas necessitam de assistência humanitária ou de alguma forma de protecção.
Nkweta-Salami salientou, citada pela Europa Press, que “os relatos de casos crescentes de violência sexual e baseada no género, desaparecimentos forçados, detenções arbitrárias e violações graves dos direitos humanos e das crianças” e apelou às partes “para que respeitem o direito humanitário internacional e tomem medidas imediatas para salvaguardar os civis”.