Diante do receio de que um mandado de prisão seja emitido contra o primeiro-ministro israelita Benjamin Netanyahu por supostos crimes de guerra, Tel Aviv estaria a trabalhar nos bastidores para evitar que o Tribunal Penal Internacional (TPI), em Haia, faça tal pedido, informou nesse domingo (28) o jornal The Times of Israel.
De acordo com relatos da mídia local, há um medo real nos altos círculos governamentais israelitas de que Netanyahu seja alvo de um mandado de prisão por parte de Haia. Uma fonte governamental de Tel Aviv disse ao meio de comunicação citado, sob condição de anonimato, que actualmente “Haia está focada nas acusações de que Israel deliberadamente privou os palestinianos de Gaza de alimentos”.
Portanto, o governo de Israel está a trabalhar para “bloquear as temidas ordens de detenção” que poderiam ser emitidas pelo TPI, de acordo com o alto funcionário consultado.
Os dois órgãos que estariam envolvidos em tentar impedir uma possível ordem são o Conselho de Segurança Nacional e o Ministério das Relações Exteriores. “Estamos a operar onde podemos”, comentou um diplomata israelita ao jornal.
As ordens de detenção também poderiam ser emitidas contra outros funcionários do governo ou das Forças de Defesa de Israel, precisou o The Times of Israel.
O país liderado por Netanyahu iniciou uma ofensiva em grande escala contra a Faixa de Gaza desde Outubro passado, alegando querer erradicar o movimento palestiniano Hamas.
No entanto, os seus ataques resultaram na morte de mais de 34 mil pessoas, a maioria civis, de acordo com relatos das autoridades locais de Gaza e agências da ONU.
Em 29 de Dezembro passado, o governo da África do Sul apresentou uma queixa contra Israel por suposto “genocídio” em Gaza perante a Corte Internacional de Justiça (CIJ), o tribunal da ONU responsável por resolver disputas entre Estados.
O TPI é outro órgão judicial do sistema de direito internacional que trabalha em questões penais relacionadas a indivíduos, não a países.