A Georgia acusou, ontem, um alto responsável ucraniano de preparar um golpe de Estado para derrubar o governo do país do Cáucaso, num momento em que se agravam as relações entre Kiev e Tbilissi
O Serviço Nacional de Segurança da Georgia acusou Georgi Lortkipanidze, chefe-adjunto da
contraespionagem militar ucraniana, de conspirar para “derrubar, violentamente, o governo” com a cumplicidade de um “Estado estrangeiro”. Lortkipanidze é um antigo vice-ministro do Interior da Georgia (equivalente ao Ministério da Administração Interna).
A Segurança Nacional da Georgia também nomeou um antigo guarda-costas do ex-presidente Mikheil Saakachvili, que, anteriormente, ocupou cargos oficiais na Ucrânia, como um dos cúmplices dos georgianos que combatem as tropas russas em território ucraniano.
Algumas destas pessoas “são treinadas perto da fronteira entre a Ucrânia e a Polónia”, refere o Serviço Nacional de Segurança da Georgia.
De acordo com um comunicado oficial, o alegado plano previa manifestações antigovernamentais em Tbilisi “em Outubro e Dezembro”, datas em que devem ser publicadas as próximas avaliações dos progressos da Georgia no âmbito do processo de adesão à União Europeia (UE).
O governo de Tbilissi é acusado de cooperação com o Kremlin, apesar do destacamento de forças russas nas regiões separatistas da Abcásia e da Ossétia do Sul desde a invasão de Moscovo em 2008. Em Julho, Kiev convocou o embaixador da Georgia, acusando Tbilisi de torturar na prisão Mikheil Saakachvili, também cidadão ucraniano e conselheiro do Presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky.
Em Junho de 2022, a UE recusou à Georgia o estatuto de candidato, concedendo-o à Ucrânia e à Moldávia.
Bruxelas pede a Tbilisi reformas no sistema judicial e no sistema eleitoral, assim como exige garantias sobre liberdade de imprensa e “acções de luta contra os oligarcas”.
No início de Março, dezenas de milhar de pessoas manifestaramse em Tbilisi, acusando o governo de se afastar das aspirações próocidentais do país.